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Sindicato Independente dos Médicos

COMUNICADO Greve no Serviço de Ortopedia do Hospital Dr. Nélio Mendonça/Funchal

06 dezembro 2010

Cumpre-se hoje mais um dia de greve dos médicos do Serviço de Ortopedia no Hospital Dr. Nélio Mendonça.
Dos 20 médicos ortopedistas, 1 não aderiu à greve. Mais 3 cumprem os serviços mínimos obrigatórios em período de greve e 3 encontram-se de férias. Todos os restantes (11 especialistas e 2 internos) encontram-se em greve efectiva.
A estatística de adesão à greve mantém-se pois estável desde o início desta forma de protesto.

Ao longo do dia serão canceladas 86 consultas programadas e cerca de 25 consultas suplementares. O Bloco Operatório foi igualmente afectado. Compreendemos os transtornos causados aos utentes mas também eles estão certamente preocupados com a evolução actual do Serviço Regional de Saúde.


O Sindicato Independente dos Médicos – SIM defende todos os seus associados e está solidário com todos os colegas em luta por melhores condições de trabalho. Após inúmeras diligências e alertas infrutíferos, a greve (instrumento último mas legítimo de protesto) foi solicitada e anunciada pelo SIM.

O Sr. Secretário Regional dos Assuntos Sociais, em carta dirigida aos ortopedistas do hospital, regista que não são razões de natureza política que estão na origem da perturbação do Serviço de Ortopedia. Não podemos estar mais de acordo.


Então o que separa os médicos e a administração? Razões comuns a vários Serviços hospitalares, se não todos os Serviços do SESARAM, e razões específicas da Ortopedia. É sobejamente conhecido o desrespeito desta administração hospitalar para com os seus colaboradores. O clima persecutório está instalado em todas as classes profissionais.

A gestão clínica parece mais interessada em dividir a classe médica, no qual o recente e fracassado abaixo-assinado é disso um exemplo. Tal não sendo caso único no país, é certamente o mais grave.


Mas há razões específicas neste serviço. Dois colegas ortopedistas foram ameaçados de despedimento nos últimos meses. Eles são simplesmente dos mais produtivos do Serviço. Esta é a consumação da ameaça feita anteriormente pelo Sr. Director Clínico: "Os médicos obedecerão sem objecções a todas as minhas directivas.

O Director de Serviço é um mero assessor técnico. Quem o não fizer, será imediatamente processado e despedido. Os primeiros serão os mais produtivos, pois assim o exemplo será duplo".


Os médicos vêem desagregar-se o resultado do trabalho de anos. Desagregar um Serviço em actual auto-gestão, sem rumo, sem organização e onde quem dirige não fala com ninguém, não orienta, em suma, não lidera.

Um Serviço sem condições para atender todos os que o procuram. São os médicos e os enfermeiros que dão a cara pelos atrasos nas listas de espera.

A lista de espera de Ortopedia era em 2008 de cerca de 1500 doentes. Os valores actuais são claramente superiores mas convenientemente mantidos em segredo pela administração do SESARAM. O caderno de estatísticas sectoriais foi igualmente mantido em segredo desde 2008.


O número de salas operatórias disponíveis para cirurgia ortopédica major no Hospital Nélio Mendonça é 1 sala em 3 dias da semana (2ª, 3ª e 4ª Feiras). Os médicos de Ortopedia exigiram em 2008 poder operar todos os dias da semana, e isto sem qualquer recurso a horas extraordinárias. Só assim se poderia combater as listas de espera cirúrgicas mas tal foi recusado na altura. Tal é igualmente recusado agora. O actual  Director Clínico continua a não disponibilizar salas operatórias à 5ª e 6ª Feira para cirurgia major.

O Serviço de Ortopedia aumentou o número de médicos de 8 para 20 ao longo dos últimos 18 anos mas o número de tempos operatórios é exactamente o mesmo (3 por semana)! As salas extraordinárias são esporádicas e pela excepcionalidade, ineficazes.

Podem-se usar os adjectivos e verbos mais inspirados mas a realidade dos números são cruéis para qualquer administração hospitalar:

 

Unidade Hospitalar com Serviço de Ortopedia

Nº Ortopedistas (especialistas)

Nº Cirurgias major

Rácio Cirurgias (disponibilidade de salas)

Hospital Nélio Mendonça

17

1040

60

Hospital de Ponta Delgada

7

960

130

Hospital Vila Nova de Gaia

19

2900

150

Hospital São Sebastião

14

2950

210

Hospital de Viseu

16

2600

160

Hospital Santa Maria

16

2100

130

Hospital Curry Cabral

17

3000

170

Hospital das Descobertas

13

2500

190

Hospital S. Francisco Xavier

10

1500

150



A taxa de ocupação do bloco operatório em Ortopedia é de cerca 95% no Hospital Nélio Mendonça. Mesmo que a produtividade dos ortopedistas fosse de 100%, com ocupação total de todos os tempos operatórios, o rácio subiria para uns insuficientes 64 pontos. Tal valor é de metade do Serviço de Ortopedia do Hospital de Ponta Delgada.

A conclusão é óbvia: má organização do bloco operatório, intenção deliberada em não gastar ou a necessidade clara de um novo hospital com mais capacidade operatória.


Os jornais têm referenciado situações de potencial conflito de interesse entre público-privado dos gestores hospitalares. Perguntamos qual o interesse dos gestores clínicos em não querer combater efectivamente as listas de espera? Restringir as cirurgias, em especial nesta área em que os implantes são dispendiosos, é uma forma fácil de poupar dinheiro sem assumir o ónus de tal decisão.


A administração do SESARAM aponta falhas no cumprimento persistente de horário por parte de alguns médicos da instituição. A própria comunicação social refere mesmo um caso de um médico ortopedista que só esporadicamente comparece no hospital, por acaso ele mesmo porta-voz da própria administração do SESARAM.

Esta situação anómala, a existir, tem resolução fácil, tal queira a administração hospitalar. O Contrato Colectivo de Trabalho assinado pelo SESARAM e pelo SIM estabelece normas nesse sentido. Não pague o justo pelo pecador. Saliente-se aliás que apesar de todas estas condicionantes e limitações, o próprio Serviço de Ortopedia foi considerado o segundo com maior produtividade segundo dados do último estudo do Tribunal de Contas.


A greve poderá acabar desde que sejam dadas condições para que os médicos combatam eficazmente as listas de espera.
A greve poderá acabar desde que acabe o clima de perseguição existente no SESARAM, em especial na Ortopedia.
A greve poderá acabar assim que o Governo Regional o queira.

 

6 de Dezembro de 2010

O Secretariado Nacional

 

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