É rigorosamente verdade que o Governo, através do senhor Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, propôs aos Sindicatos Médicos repristinar alguns artigos do anterior diploma das Carreiras Médicas para poder contratar médicos de família com vencimentos decentes, dada a incapacidade negocial para estabelecer uma grelha salarial para o regime de 40 horas semanais.
É rigorosamente verdade que os Sindicatos médicos, num assomo de pragmatismo, deram luz verde ao disparate, no pressuposto de transitoriedade até que se estabeleça a grelha salarial prevista.
O Governo, aprovado o DL em Conselho de Ministros e promulgado por SE o Presidente da República, pode contar com médicos de família que, querendo, assumam horários de 42 horas em exclusividade.
O que o Governo não pode contar, sendo rigorosamente falso, é que daquele horário resulte aumento da lista de utentes, pois mais horário, de 35 horas para 42 horas não significa mais doentes. O que significa é que os médicos ficam com mais horário para o Centro de Saúde e para consultas de recurso, SAP, Consultas Abertas, etc.
Quando se afirma que “cada um deles pode aceitar cerca de 250 doentes a mais, por terem este horário de 42 horas. Se estimarmos que abrangerá quase 500 médicos podemos estimar que haverá 125 mil portugueses que poderão passar ter médico de família graças a esta mudança de horário”, está-se deliberadamente a emitir uma informação falsa, a ser populista e a ser demagógico, o que, estando de acordo com a loucura do momento, em nada contribui para a seriedade negocial que se exige.
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