Os médicos estão a aderir em massa à entrega de minutas para impor limites à realização de horas extra no SNS.
Fazem-no de forma consciente porque querem transmitir, de forma clara e eticamente sustentada em aviso prévio, que não estão dispostos a colaborar mais num Serviço que os maltrata.
Dispõem-se a trabalhar 47, 52 ou 54 horas por semana, dependente dos contratos. Isto é, bem acima de qualquer outro profissional, em qualquer ramo de “negócio”.
Dispõem-se a impor limites às horas extra que têm de fazer em cada ano, acabando com a tremenda hipocrisia, que assalta de forma insana todos os Ministros, ao considerararem extraordinário o trabalho que está em escala para um ano inteiro. Hoje, qualquer médico sabe as horas extra que vai fazer em Dezembro. Isto não são horas extra. Isto é um abuso de confiança, uma exploração brutal, um perigo constante para a saúde de médicos e doentes e um cadinho de erro médico e de casos em Tribunal.
Chega!
Para os médicos internos, os que estão em processo de aquisição de competências que façam deles os excelentes especialistas de amanhã, a situação é ainda mais caricata. Ao invés de acarinhar as declarações de indisponibilidade para se matarem a fazer horas extra, valorizando o tempo para estudo e treino, as Administrações ameaçam-nos com a impossibilidade futura de virem a ser contratados nesse Hospital, no final do seu internato e já como especialistas, numa chantagem inadmissível, intolerável e mentirosa.
Isto passa-se em vários Hospitais, à sorrelfa, nomeadamente no Centro Hospitalar do Porto (Hospital Geral de Santo António).
Temos dificuldade em imaginar que o nosso colega Sollari Allegro seja capaz de consentir no “seu” Hospital acto tão estúpido e estamos certos que porá fim imediato ao dislate.
Também estamos certos que Sollari Allegro e todos os outros presidentes de Hospitais EPE compreendem o alcance do ACT que estipula a tramitação do procedimento concursal de recrutamento para os postos de trabalho da carreira médica, publicado no BTE nº 48, de 29 de Dezembro de 2011, bem recente portanto, e que obriga a concurso para admissão de especialistas nos Hospitais EPE, nomeadamente no Centro Hospitalar do Porto.
Ora que chatice, então as ameaças sobre os médicos internos perdem um dos seus principais suportes, isto é, a pressão sobre futuros contratos?
Pois... é a vida!
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