O desvelo do Sr. Ministro com os CSP
Segundo a comunicação social, o Ministro da Saúde advertiu no 9.º Encontro Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF) os presidentes das administrações regionais de saúde de que é "inaceitável" a falta de material nas Unidades de Saúde Familiar e avisou que a não resolução do problema "terá consequências".
Segundo rezam as reportagens, terá dito alto e bom som "Custa-me muito aceitar que haja USF que digam que têm falta de material e fica aqui dito claramente aos presidentes das ARS que isso é politicamente inaceitável. É deles a responsabilidade de resolver isso rapidamente. Se não o fizerem não estão a executar em condições a vossa missão e isso terá de ter consequências".
Temos de lhe perguntar Sr. Ministro, e muito claramente, se:
1º Sabe que a falta de material, equipamentos, assistência técnica e condições de trabalho em muitas unidades funcionais dos CSP no modelo organizativo tradicional de Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) é ainda mais gritante?
2º Sabe que ainda há 18% de unidades funcionais que usam computadores com sistemas operativos (Windows XP) que já nem sequer são passiveis de ser actualizados?
3º A estrutura de apoio por si nomeada e denominada Coordenação para a Reforma dos CSP, informou-o destas dificuldades das UCSP ou apenas se preocupa com outros modelos organizativos?
4º Que fez o Ministério e as suas estruturas em resposta aos próprios alertas internos, como é o caso da Clarificação Técnica da Divisão de Saúde Ambiental e Ocupacional da DGS, datada de 19 de Fevereiro de 2016, e que proclama que, e citamos " … encontram-se questões relacionadas com a organização, tempo e conteúdo de trabalho dos médicos de MGF, aos quais estão atribuídas múltiplas funções e competências que contrastam com a escassez destes profissionais em muitos ACES. Neste âmbito, realça-se que urge aprofundar o diagnóstico sobre as condições de trabalho dos médicos de MGF, dado que é comum existirem condições físicas e materiais do posto de trabalho (ex. gabinetes, equipamentos e utensílios) não adequadas à função destes profissionais e que não favorecem o seu exercício e a qualidade da sua prestação, as quais são agravadas por um sistema informático administrativamente exigente e difícil de gerir devido às múltiplas falhas e interrupções, pelo incremento de processos burocráticos que deixam pouca autonomia no desempenho médico, e pelo elevado número de utentes atribuídos a cada médico de MGF que já ultrapassa, em diversas situações, o rácio de 1500 utentes/médico. É por isso frequente estes profissionais referirem situações de sobrecarga de trabalho, de desmotivação, de stress e mesmo de burnout associado ao contexto de trabalho” ?
4º Considera o Sr. Ministro da Saúde ser "politicamente aceitável" uma discriminação negativa de médicos e de unidades funcionais em função do seu modelo organizativo?
5º Vai o Sr. Ministro assacar responsabilidades também por isto aos responsáveis das ARS, com as propaladas consequências?
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