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Sindicato Independente dos Médicos

Alexandre Lourenço: “Temos o menor investimento de que existe memória no SNS”

13 janeiro 2019
Alexandre Lourenço: “Temos o menor investimento de que existe memória no SNS”
Diário de Notícias, 13 janeiro 2019, Arsénio Reis/TSF e Catarina Carvalho

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, fala da crise financeira que se vive nos serviços e de como poderia melhorar-se com maior orçamento e mais responsabilidade das administrações. Entrevista de domingo, DN/TSF:

O manifesto assinado recentemente pelos diretores clínicos do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central em que fica dito que a segurança clínica está comprometida nos hospitais desta zona de Lisboa. Aliás, o rol de queixas é vasto: falta de pessoal médico, pessoal técnico, pessoal de enfermagem, pouca disponibilidade de material de consumo, falta de investimento em inovação... Rematando com a ideia de que pode estar em causa a mera logística para o normal exercício profissional. Estamos próximos de uma situação de rutura?

Não queria chegar a uma expressão dessa natureza, mas os dados claros: até 2017 tivemos uma queda no investimento, pelo menos desde 2009; em percentagem de PIB temos o menor investimento de que existe memória, pelo menos neste século, no SNS. Em 2017, os hospitais-empresas chegaram à pior situação orçamental de sempre. Portanto, é fácil perceber que existe uma situação de desequilíbrio, além de vermos, de uma forma genérica, uma instabilidade laboral nestas organizações.

Numa área altamente tecnológica, se não estivermos a fazer investimento, grande parte dos equipamentos que estão a ser utilizados estão obsoletos. Isto não está a acontecer. Dizíamos que o SNS tinha os melhores equipamentos disponíveis no sistema de saúde português, hoje isso não será verdade. Por outro lado, esta falta de profissionais leva a que exista uma deterioração grande da qualidade de cuidados quando temos necessidades crescentes. Talvez isto também seja difícil de perceber para a equipa ministerial das Finanças: ao contrário de outras áreas, como a educação, em que temos menos alunos, os serviços públicos, que com o processo de automatização e de informatização passaram a ter menos necessidade de funcionários, o setor da saúde tem muito mais necessidades. Uma das grandes questões que temos hoje, até neste momento de epidemia de gripe, não é o fluxo de muitas pessoas para o serviço de urgência, o problema é a tipologia dos doentes que vão ao serviço de urgência. Problemas de cariz social e pessoal, pessoas com mais de 65 anos, com multipatologias e com problemas sociais graves. Os hospitais são o último reduto a que estas pessoas recorrem, são pessoas que vão necessitar de internamento, e os hospitais não têm capacidade até para escoar os doentes que são fruto de internamento social e que já não têm necessidade de cuidados de saúde.

Vemos toda a sociedade a mudar - hoje já não vamos ao banco, utilizamos o homebanking, já não temos filas como tínhamos para ir levantar o cheque ao banco, vamos ao supermercado e temos uma facilidade enorme de qualidade do serviço -, e no SNS não fomos capazes de inovar o modelo de prestação de cuidados. Temos uma situação muitas vezes até de um aumento substantivo da procura, com novos tipos de doentes, e não conseguimos dentro do SNS alterar o modelo de prestação de cuidados para o tornar adequado às expectativas e às necessidades das pessoas.Esta necessidade de reinvenção do modelo de prestação de cuidados exige investimento.

A OCDE diz que, para os países desenvolvidos até 2030, é perspetivado que exista uma despesa pública em saúde na ordem dos 15%, 16%. Em Portugal, estamos em 4,8%. Portanto, a pressão demográfica, a pressão das tecnologias vai aumentar obrigatoriamente a despesa.

Entrevista completa em Diário de Notícias.

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