Sindicato Independente dos Médicos

Expresso, 26 janeiro 2019, Vera Lúcia Arreigoso

Todos os dias, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) recorre a médicos à tarefa para prestar os cuidados necessários à população. O Estado gasta cerca de 300 mil euros a cada 24 horas, valor que os sindicatos garantem ser suficiente para contratar 2242 especialistas para os quadros dos hospitais e centros de saúde.

Entre janeiro e novembro de 2018, a fatura pública com a prestação de serviços médicos somou quase €95 milhões (94.625.151,57 precisos), mais 2% do que no ano anterior.

"Exige-se transparência em termos financeiros, dos médicos que prestam o serviço e ainda das penalizações em relação aos incumprimentos. Há uma dívida escondida através da rubrica de prestação de serviços, o Ministério da Saúde ‘tapa o sol com a peneira’ e aceita que se pague sem qualquer controlo”, afirma Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM). Já foi pedida uma audiência ao ministro das Finanças, até agora sem resposta. "Iremos insistir a bem da defesa do erário público.”

Comparando os médicos à tarefa mais solicitados com as vagas para especialistas no SNS, no concurso mais recente de dezembro, as incongruências saltam à vista.

Na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, têm sido sucessivos os protestos contra a falta de profissionais, com diretores a pedirem a demissão. Apesar disso, a tutela não abriu nenhuma vaga para obstetras na maior maternidade do país. Noutro caso, o Hospital Garcia de Orta, em Almada, recorreu a serviços de gastro para a Urgência e também ficou sem nenhum dos lugares.

"Os exemplos são o espelho de uma política de contratação que tem falhado. Não podemos enfrentar os problemas do SNS abrindo um número de vagas muito inferior às carências”, critica Miguel Guimarães.

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