Sindicato Independente dos Médicos

Não estão ainda garantidas as escalas de abril da Urgência Pediátrica do Hospital Garcia de Orta, em Almada.

O Sindicato independente dos Médicos depois de há oito dias ter enviado carta ao Conselho de Administração pelo presente comunicado vem exigir que se encontrem soluções e se evite a propaganda. A saúde dos portugueses assim o exige.

Na ânsia de agradar ao poder em vez de ser rigoroso e exigente de mais meios para os habitantes da margem Sul do tejo e para os cada vez menos e mais pressionados pelo trabalho médicos do Hospital Garcia de Orta, o Senhor Presidente do Conselho de Administração mais uma vez tenta tapar o sol com a peneira.

Uma mão cheia de nada, parecendo uma cópia exata de anteriores declarações que nunca se traduziram em nenhum reforço concreto.

Não há Pediatras disponíveis para contratação face às condições salariais oferecidas e à penosidade das condições de trabalho no Hospital Garcia de Orta.

«Através de protocolo com o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental foi cedida a colaboração de um médico Pediatra para colaboração imediata.»

O planeamento de recursos humanos do Ministério da Saúde continua num nível sofrível. A subversão dos concursos permitida pelo Ministério fez com que esta recém-especialista assinasse contrato num outro hospital aparentemente muito menos carenciado, apesar da ausência de vagas a concurso.

A degradação dos serviços levou à saída dos médicos mais experientes e diferenciados. A Administração do Hospital Garcia de Orta acha que colocar uma médica recém-especialista a assumir a Coordenação de uma urgência, com apoio de um médico interno e um prestador com uma média de atendimento diário de mais de 130 doentes e dias com mais de 200 doentes é absolutamente natural...

«Foi identificado um médico interno de Pediatria do último ano, que iniciará funções dentro de poucos dias.»

Não existe nenhum médico nestas condições. É evidente que esta Administração manifesta desorientação e parece querer justificar eventuais futuros cargos.

«Através de Protocolo celebrado com a Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, foi cedido um especialista de Medicina Geral e Familiar, com larga experiência anterior na Urgência Pediátrica do HGO, decorrendo ainda conversações com outros médicos no mesmo sentido.»

Os Médicos de Família não tem no seu horário possibilidade de garantir SU. A ajuda de outros médicos é habitualmente prestada entre as 18:00 e as 24:00. São médicos empenhados e dedicados mas que não podem ser equiparados nem substituem os especialistas nem os internos de formação específica de Pediatria, tanto na preparação como no horário disponibilizado.

«Será proposta a abertura de quatro vagas no próximo concurso nacional, que se prevê ocorra no prazo de três meses.»

Nos últimos meses abriram cinco vagas para a Pediatria sendo que apenas uma foi ocupada. À medida que a degradação do serviço de Pediatria avança, por inação desta Administração, menos provável será conseguir captar novos especialistas.

Só com uma enorme dose de optimismo e ainda maior ingenuidade é que se pode aceitar que estes médicos, a vir, possam ser a solução para as dificuldades da Pediatria do HGO.

«Complementarmente estão previstas algumas medidas que podem contribuir para reduzir a afluência à urgência pediátrica, nomeadamente:

Dentro de uma semana, iniciar-se-á uma larga campanha de informação e sensibilização dos pais de crianças até aos 12 anos, com a colaboração das autarquias e escolas dos concelhos de Almada e Seixal. Esta campanha visa que os Centros de Saúde assegurem, em primeira linha, o atendimento da doença aguda pediátrica, uma vez que mais de 70% dos atendimentos na Urgência Pediátrica são situações de baixa prioridade e que não inspiram cuidados de maior;

Esta campanha dará início a um grande investimento em literacia em saúde e promoção do autocuidado, procurando dar indicações simples, sobre como lidar com algumas situações correntes, mas que motivam muitas idas desnecessárias às urgências pediátricas e mesmo aos Centros de Saúde.»

Finalmente uma medida sensata, curiosamente a única que não depende na totalidade da Administração do Hospital Garcia de Orta e a única que não resolve o problema de curto prazo de falta de Pediatras na urgência... Pediátrica!

Assim, o Sindicato Independente dos Médicos alerta os cidadãos de Almada e o ministério para que as escalas de Urgência da Pediatria continuam a não estar garantidas e lamenta que apesar dos alertas também do Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos, a situação não está sequer mitigada.

Lisboa, 1 de abril de 2019

O Secretariado Regional de LVT do SIM,

Nuno Rodrigues