As irresponsáveis declarações da Ministra da Saúde no Parlamento e a proposta de encerramento de Maternidades em Lisboa no Verão são mais uma prova de que a aposta no SNS não passa pela sua qualidade.
Assumiu ontem a Ministra que nos Hospitais e Centros de Saúde nem todos os médicos terão de ser especialistas ou internos. Ora onde é que isto já acontece? Nos Serviços de Urgência por todo o país. Precisamente o sítio onde a qualidade do atendimento é mais diminuta.
Percebe-se portanto que em breve um serviço de Cardiologia, terá Cardiologistas e "médicos com um perfil mais genérico de competências” seja lá o que seja que a Ministra entende por isso mas "igualmente qualificado” segundo a mesma...
O encerramento das Maternidades é apenas mais uma medida de gestão baseada na falta de recursos e nas consequências da falta de planeamento e da inação do Ministério da Saúde que permite que os Hospitais sejam hoje uma manta, curta, de retalhos.
Também esta semana o Hospital de Santa Maria retirou um anestesista ao fim de semana e o Hospital Amadora-Sintra reduziu a sua urgência de 4 para 3 especialistas em Anestesiologia. Não é, portanto, uma situação pontual e será cada vez mais frequente.
O SIM luta e lutará sempre pela equidade e qualidade no atendimento de todos os doentes e isso passa certamente por uma Carreira Médica sólida com perspetivas de futuro e trabalho em equipas diferenciadas capaz de reter os médicos no SNS.
Essa Carreira Médica baseada no mérito e na qualidade será também ela sinónimo de maior capacidade formativa para garantir resposta às necessidades futuras de médicos por parte do SNS.
Confirma-se assim a justiça e a necessidade dos médicos se mobilizarem em mais uma greve.
Os médicos, como sempre, estarão na linha da frente pela melhoria das condições de trabalho para garantir qualidade no SNS e recusam ser arrastados pela incapacidade dos líderes políticos em arranjar soluções.
Nota editorial: a pedido da Sra Jornalista do jornal Público corrige-se a referência no 3º parágrafo aos termos usados pela Sra Ministra da Saúde. Esta terá usado o vocábulo "igualmente" em vez de "altamente". Em nome do rigor, faz se a correção solicitada, que em nada afeta, antes pelo contrário, a gravidade das afirmações da responsável.