Política de Cookies

Este site utiliza Cookies. Ao navegar, está a consentir o seu uso.Saiba mais

Compreendi
aa

Sindicato Independente dos Médicos

Visão: Como o Serviço Nacional de Saúde está a cair aos bocados

05 agosto 2019
Visão: Como o Serviço Nacional de Saúde está a cair aos bocados
Visão, 4 agosto 2019, Catarina Guerreiro, Cesaltina Pinto, Sílvia Caneco, Vânia Maia

António Marques, 61 anos, vítima de cancro no pulmão, nunca chegou a fazer quimioterapia. Morreu a 27 de março, à espera do resultado de um exame. O desfecho infeliz da história deste homem que era acompanhado no Hospital de Portimão, foi largamente noticiado e será, porventura, sintomático do estado do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS). Enredada num processo burocrático entre Portimão e o IPO de Lisboa, a biopsia de que António precisava para saber que tipo de tratamento lhe seria mais conveniente terá demorado 50 dias. Chegou tarde demais. Em 2016, e de acordo com o Tribunal de Contas, 2 605 pacientes morreram enquanto esperavam por uma cirurgia. Destes, 231 eram doentes oncológicos.

Em junho – e agora vamos do Algarve a Coimbra –, os blocos de cirurgia para operar crianças do Hospital Universitário tiveram de encerrar por falta de profissionais ou de material. "Nesse mês terão sido fechadas 19 salas de bloco no hospital pediátrico, com a consequente desmarcação e o adiamento das cirurgias”, garante José Carlos Almeida, do Hospital dos Covões. Nestas situações a única solução era dar aos utentes um cheque-cirurgia para irem ao privado.

As falhas, avisa o médico, também afetam com gravidade a área de Gastroenterologia. Há milhares de exames em atraso, entre endoscopias e colonoscopias, em parte resultado dos problemas relacionados com os próprios equipamentos. "No Hospital dos Covões, o aparelho que faz endoscopias está avariado desde agosto do ano passado. Por isso não se fazem”, adianta José Carlos Almeida, sublinhando que os exames têm de ser feitos nos hospitais da Universidade de Coimbra, que nos últimos tempos têm dado sinais de dificuldade em responder a todos os pedidos.

Podíamos continuar (e vamos fazê-lo nestas páginas), caso atrás de caso, história atrás de história, a mostrar o desabar de um serviço que (ainda) é dos melhores que o Estado português alguma vez prestou aos seus cidadãos. Parece que se formou aqui a tempestade perfeita. À falta de financiamento junta-se a carência de recursos humanos e a má gestão, um "triângulo maldito” que se tem acumulado na última década, com maior ênfase durante o período da Troika.

Artigo completo em Visão.

Partilhar

Tags

Horas ExtraCalculadora

Torne-se sócio

Vantagens em ser sócio