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Sindicato Independente dos Médicos

O João fez o seu internato num hospital público do SNS

12 novembro 2019
O João fez o seu internato num hospital público do SNS
Com a devida vénia ao autor desconhecido que postou isto numa rede social e com sugestão de reflexão profunda para os nossos políticos e governantes:

O João é médico.

O João fez o seu internato num hospital público do SNS.

O João vestiu sempre a camisola do seu hospital quando foi preciso.

O João dormiu muitas noites fora de casa, trabalhou 60 horas por semana muitas vezes, fez muitas urgências de 24 horas e assumiu sozinho muitas responsabilidades que não devia ter assumido.

O João fê-lo porque acreditava num serviço nacional de saúde de qualidade para todos.

O João fê-lo porque sabia que o hospital precisava que todos colaborassem para providenciar os cuidados básicos de saúde à população.

O João fê-lo também por influência dos seus colegas mais velhos, os quais sempre ouviu dizer que antigamente era muito pior e que agora ele não tinha nada que se queixar.

O João fê-lo porque acreditou que um dia, quando precisasse, iria receber por parte do hospital um agradecimento por todo o seu empenho e dedicação.

O João sempre foi uma pessoa sem grandes papas na língua e de sangue quente.

O João sempre acreditou que todos os serviços por onde passou podiam melhorar qualquer coisa.

O João sempre se esforçou para fazer parte da solução e não do problema.

O João nunca tolerou faltas de respeito por parte de ninguém.

O João sempre exigiu ser tratado com o mesmo respeito com que trata toda a gente, independentemente da profissão ou grau de diferenciação.

O João, logicamente, criou muitos inimigos bastante poderosos ao longo do seu internato.

O João percebeu, com o tempo, que a Medicina é como a política.

O João percebeu que, no fim do dia, a competência e o brio profissional de cada um pouco importam.

O João percebeu que para se chegar longe é preciso conhecer as pessoas certas, ter muito poder de encaixe e lamber muitas botas.

O João percebeu que estava sozinho no hospital onde trabalhava.

O João sentiu que o SNS foi, a pouco e pouco, desistindo dele.

O João foi também, a pouco e pouco, desistindo do SNS.

O João, certo dia, teve uma epifania e percebeu que estava cansado de sacrificar o seu bem-estar e felicidade por uma instituição que não o respeitava.

O João, certo dia, teve uma epifania e percebeu que de nada servia o seu esforço para mudar o rumo do seu hospital e do SNS.

O João, certo dia, saiu do SNS.

O João saiu de cabeça erguida, sabendo que fez todos os possíveis para que a coisa resultasse.

O João sabe que não deve rigorosamente nada a ninguém.

O João perdeu o SNS.

Perdão, o SNS é que perdeu o João.


(in Pérolas da Urgência, Facebook)
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