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Sindicato Independente dos Médicos

Francisco Louçã: Se o governo não sabe qual é a prioridade, anote por favor: SNS

28 novembro 2019
Francisco Louçã: Se o governo não sabe qual é a prioridade, anote por favor: SNS
Nas vésperas do debate parlamentar desta semana sobre a Saúde, entre uma miríade de artigos de opinião e de comentários provindo das mais variadas cores políticas, sobressai o artigo no semanário Expresso do antigo coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã:
O desgaste sofrido do sistema de cuidados de saúde no SNS já alcançou o ponto de alarme. Isso não é novidade, o que diz tudo sobre o problema: há muitos anos que sabemos que este tempo chegaria, dado que mais de metade do pessoal médico tem mais de cinquenta anos e, se mais não fosse por isso, a capacidade de garantir as urgências está comprometida. Mas também se sabe, e há tanto tempo, que o envelhecimento da população agrava a pressão sobre o SNS, que se acentuam os custos com os medicamentos novos para patologias crónicas e outras, que a concorrência dos privados atraindo os profissionais reduz as disponibilidades. Sabe-se tudo isso. Só pode espantar que só agora chegue o alerta, depois de anos e anos de irresponsabilidade, de subfinanciamento e de desgaste do serviço público de saúde.

Se registamos as escolhas dos sucessivos governos, incluindo o último, ficamos com uma cornucópia de ligeireza ("somos todos Centeno”), de medidas contraproducentes (uma maioria absoluta do PS acabou há dez anos com a exclusividade dos médicos, que agora já só abrange cerca de 43% dos 13 mil médicos), de jogos financeiros (como, há um par de anos, atrasar um concurso de especialistas para poupar uns meses de salários) e de desculpas que envergonham.

Carlos César e Ana Catarina Mendes, igualmente concertados, foram os primeiros na área governista a mostrar que percebem o que se está a agigantar, por isso vieram a terreiro pedir medidas e sugerir que o Orçamento é o momento para as tomar. O Presidente deu mais um puxão de orelhas ao Governo e insistiu no mesmo: vamos lá a ver o que o Orçamento determina. Os partidos de esquerda não dizem outra coisa desde há quatro anos: salve-se o SNS e a democracia respira. O problema é se o gabinete de S. Bento ouve, ou se ouve e quer. Não deixa de ser revelador que não seja o governo a tomar a dianteira na apresentação de soluções e, pelo contrário, se limite a garantir que tudo está bem no reino da Dinamarca, em vez de propor um plano consistente para os próximos anos do SNS, garantindo o financiamento de medidas ousadas, restabelecendo a exclusividade (mas o Ministério das Finanças vetou a medida no verão passado), o que também implicaria alguém à frente do ministério que tenha a força e os meios para dirigir este programa.

O caso é que, enquanto a ministra garante que tudo se resolve na paz do Senhor, entre os socialistas é um não-ministro e uma líder parlamentar quem vem a terreiro dizer que há um problema neste planeta terra. Ainda assim, fica a questão: se, no meio desta tempestade política na saúde, que não vai amainar, o Governo pensa que uns pós orçamentais e mais umas promessas genéricas ganha uma folgazinha, então será por escolher jogar com adiamentos. Melhor será tomar juízo e perceber que a qualidade do sistema de saúde é o problema número um para a população.
Artigo completo em Expresso.
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