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Sindicato Independente dos Médicos

Raquel Varela: Vendem-se Médicos

01 dezembro 2019
Raquel Varela: Vendem-se Médicos
Sucedem-se as demonstrações públicas de inabilidade política e de falta de carinho pelos médicos do SNS por parte da titular da pasta da Saúde… conhecida sobejamente pelas suas declarações desastrosas, quando confrontada pela Comunicação Social com a crescente corrida dos médicos do SNS à emigração, Marta Temido seraficamente responde que há que ver quantos dos pedidos de certificação para exercer no estrangeiro se convertem em emigração e que, estando nós perante um mercado de trabalho aberto com certeza que acorrerão médicos brasileiros e dos PALOPs para exercerem no SNS.

Nem precisam de ser os médicos portugueses e os seus representantes institucionais a manifestar incredulidade e indignação.

Veja-se o que escreve a historiadora e comentadora Raquel Varela num artigo de opinião intitulado "Vendem-se Médicos”:
Quem acha que vamos trocar médicos portugueses por brasileiros, vendendo os nossos, comprando os outros (é isso que é migração forçada de força de trabalho), tem uma ideia errada da vida em sociedades humanas, mas também uma ideia equivocada de economia. Nas sociedades humanas as pessoas não deve ser obrigadas a largar a família, amigos, relações sólidas e densas, para ir vender força de trabalho num qualquer canto do mundo. Temido não pensa assim, pensa que os médicos são mercadorias. Ora, no Portugal e Costa e Passos Coelho, não existe sequer valor para copar médios brasileiros. Os médicos brasileiros não irão para Portugal, irão directo para a Alemanha ou os EUA. Em câmara mais lenta está a acontecer ao nosso país o que aconteceu aos países "intervencionados” pelo FMI na África em 1980. A força de trabalho qualificado está a fugir, exilada, forçada, pela ausência de condições de trabalho, e os países centrais ricos ficam com esta força de trabalho, sem custos de formação, e a pressionar os salários dos seus médicos (alemãs, ingleses) para baixo. Portugal é hoje um país onde se vende tudo – mas em primeiro lugar vendem-se portugueses.

Essa é a especialidade destes Governos, que contam com uma oposição de esquerda – a única que poderia enfrentar isto – catatónica, inábil, e, lamento dizê-lo, mas cobarde, acomodada ao Estado. O Governo de António Costa, com Marta Temido como Ministra da comunicação da saúde – sim, a sua especialidade é falta de vergonha quando diz as maiores barbaridades e conseguir manter um ar calmo e sereno (duas coisas que se aprendem bem nas escolas de gestão) – é vender força de trabalho, é vender propriedades (sector imobiliário), é transformar este cantinho à beira mar plantado num entreposto comercial em que, para salvar banqueiros falidos e negócios onde o PS/PSD/CDS estão submersos até aos cabelos, se dispõe a arruinar os serviços públicos, apesar da carga fiscal cada vez maior que todos pagamos – esse é o défice baixo de Centeno – trocar serviços por remuneração de dívidas falidas, para isso se cria orgulhosamente excedente orçamental.

Se alguém acha que se safa disto com o sector privado, fazendo seguros de saúde, esqueçam – o sector privado vai ser um novo BES, BPN e PT, rende por mais dez anos ou menos, a seguir entra em falência. Portugal não tem escala para o sector privado existir sem público.

Tenho esperança que Costa, Passos, Temidos, Centeno, Rio, e todos estes tipos com mais ou menos liberalismo, de esquerda ou de direita, ainda assim correctores financeiros que assumem pastas de governantes de uma sociedade, sejam surpreendidos por outro 25 de Abril, quando os profissionais de saúde souberem dar a volta a isto, e confiarem mais em si, na sua capacidade de lutar e construir um SNS, do que no Estado. Contarão sempre comigo, incondicionalmente, ao seu lado. O SNS é a base da civilização – sem ele não existimos.
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