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Sindicato Independente dos Médicos

Falta de competência em Lisboa e Vale do Tejo põe em perigo controle de pandemia em Portugal

13 junho 2020
Falta de competência em Lisboa e Vale do Tejo põe em perigo controle de pandemia em Portugal
Face ao descontrolo da situação na região de Lisboa e Vale do Tejo o Sindicato Independente dos Médicos saúda a criação de um gabinete de intervenção que apenas peca por ser tardia. Com essa medida, foi dada razão aos sucessivos alertas do SIM (não raras vezes acusados de alarmistas), ao mesmo tempo que tem sido visível o trabalho realizado nas demais ARS - face a displicência e desatenção da Administração Regional de Saúde e da Autoridade de Saúde Regional de LVT.

Portugal é o segundo país da União Europeia com mais novos casos nos últimos 14 dias, mais de 90% dos quais na Região de Lisboa e Vale do Tejo, sendo que na última semana foram identificados quase 2000 infectados nesta região. Mais preocupante, é o aumento de mais de 20% nos internamentos hospitalares e nos cuidados intensivos.

Trata-se do resultado de uma postura que, desde sempre, considerámos displicente. A defesa da manutenção do funcionamento das escolas, baseada na ideia de que a situação seria compatível com uma mera gripe, a desvalorização dos transportes no surto da Azambuja, o abandono da USP de Sintra quando grande parte da unidade se encontrava infectada ou a atitude tida no respeitante ao SAMS, de que resultaram dezenas de profissionais infetados – por entre ameaças de processos disciplinares a quem divulgasse informação, longe dos tempos da retórica da liberdade de expressão e dos amanhãs que cantavam a liberdade!

Os focos suburbanos de precariedade em Lisboa existem há muitos anos, com bairros sociais e residentes com baixos rendimentos, a construção civil também. Por isso temos defendido uma atitude proactiva e sem facilitismos no sentido de proteger quem mais pode sofrer.

A epidemia de COVID-19 continua descontrolada na região de Lisboa e Vale do Tejo. Desde o início desta epidemia que não houve por parte da Autoridade de Saúde Regional uma estratégia com vista ao controlo da mesma. Estão por contactar centenas de doentes positivos para COVID-19, ainda com inquérito epidemiológico por realizar e, portanto, desconhecendo-se os respetivos contactos. Daí que estes números poderão ser a ponta do iceberg de um gravíssimo problema de saúde pública.

Numa fase em que existe um estímulo ao desconfinamento e em que os profissionais de saúde estão exaustos, esta desvalorização - quiçá até desconhecimento - por parte das autoridades de saúde/administração regional de saúde parece ignorar a verdadeira dimensão do problema.

É, pois, com desolação que o SIM verifica que, mais uma vez, tinha razão nas suas preocupações oportunamente expressas. O SIM reafirma que os profissionais de saúde não podem baixar a guarda, sendo essencial que estejam devidamente protegidos; mas para que isso aconteça, é imprescindível que se invista no SNS.

Assim o SIM apela para:
1 - que o grupo de intervenção para Lisboa e Vale do Tejo emane orientações claras e robustas;

2 - que sejam disponibilizados todos os meios – designadamente, equipamentos de proteção individual – necessários à atividade dos profissionais de saúde;

3 - que se desenvolvam estratégias para vigilância das muitas centenas de doentes infetados sem médico de família atribuído bem como dos seus contactos, incluindo aqueles não têm RNU;

4 - que se criem as condições para que os médicos da ARS LVT previnam a exaustão e que possam usufruir do descanso necessário;

5 - que os médicos de Saúde Pública, para além do pagamento do trabalho extraordinário realizado e do gozo do descanso compensatório correspondente, sejam respeitados enquanto tal e enquanto autoridades de saúde (o suplemento pelo exercício do poder de autoridade de saúde, legalmente previsto desde 2009, nunca foi atribuído).
Apesar de não se dever mudar generais em plena batalha, com a saída de um "marechal”, como o Senhor Ministro das Finanças Mário Centeno, num momento delicadíssimo da discussão do orçamento suplementar, abre-se uma clamorosa exceção a esta regra.

Ainda assim, consideramos que se traduziu também no assumir de responsabilidades, algo que ao nível do Conselho Diretivo da ARS e da autoridade regional de saúde (delegado de saúde regional) de LVT, também se deveria verificar.
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