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Sindicato Independente dos Médicos

Observador: Surto em Lisboa. Aida, João, Ana e Odete estão há dias à espera do contacto das autoridades de saúde

04 julho 2020
Observador: Surto em Lisboa. Aida, João, Ana e Odete estão há dias à espera do contacto das autoridades de saúde
Observador, 3 julho 2020, Tânia Pereirinha

Já andava a sentir-se mal há alguns dias, mas na passada sexta-feira, 26 de junho, não aguentou mais e foi diretamente ao Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. Tinha dores no corpo e arrepios de frio, só lhe apetecia deitar-se e dormir, não conseguia continuar a trabalhar. Saiu da clínica de imagiologia, em Lisboa, onde trabalha como empregada de limpeza, e foi às urgências. Fez o teste ao novo coronavírus; no dia seguinte, sábado, dia 27, recebeu o resultado: positivo.

"No domingo liguei para a Saúde 24. Ainda não me telefonaram de volta, ninguém me ligou”, contou esta quinta-feira, 2 de julho, Aida Trindade, de 51 anos, ao Observador.

Cinco dias depois de ter testado positivo para o SARS-CoV-2 ainda não tinha recebido qualquer contacto por parte das autoridades de saúde pública para fazer o inquérito epidemiológico e apurar potenciais contactos em risco. João, o marido, de 50 anos, que entretanto começou a ter dores de cabeça e no corpo, também foi testado — e também está positivo, com teste feito na segunda-feira e resultado conhecido no dia seguinte. Também não recebeu qualquer telefonema por parte do delegado de saúde da zona da Póvoa de Santa Iria, onde moram com a filha, Sofia, de 17 anos — para não correr riscos, a irmã teve entretanto de voltar para o apartamento onde morava, sozinha, antes do transplante, em São João da Talha.

"Tem ido trabalhar todos os dias, não tinha sido informado de que era positivo”

Basta um exercício de busca rápido e arbitrário no SINAVE para perceber que no último mês e meio os casos de inquéritos epidemiológicos feitos muito depois da hora têm sido tudo menos ocasionais, garante ao Observador Guilherme Gonçalves Duarte. E a tendência não será para melhorar: "Nós, na Amadora, até fomos privilegiados pelos recursos que recebemos, mas algumas unidades começam agora a claudicar. Lisboa Central, por exemplo, começa a ficar um bocado exacerbada. E agora, com o Verão, vamos ver como corre o Algarve. Queremos chamar turistas — e bem —, mas estamos preparados para responder? Tenho muitas dúvidas. No Inverno, a nível nacional, vão ser só doenças que vão mimetizar o Covid, nem é só a gripe. Isto vai ser um completo caos, da forma como está organizado. Vamos ver se com o abanão político se começam a mudar também algumas coisas que até aqui não têm sido mexidas”, alerta o especialista.

As consequências, revela a já citada pesquisa no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, podem ser desastrosas: um homem, lojista num centro comercial de Lisboa, testou positivo para o novo coronavírus num rastreio organizado pela entidade empregadora a 3 de junho, e só foi contactado pela unidade de saúde pública da sua residência a 14 de junho, 11 dias depois. "Tem ido trabalhar todos os dias, não tinha sido informado de que era positivo”, cita o especialista, a partir do relatório. Não há qualquer informação disponível sobre se a partir deste resultaram ou não outros casos de infeção.

Artigo completo em Observador.

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