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Sindicato Independente dos Médicos

Não, Senhor Primeiro-Ministro!!! Os médicos não se recusam a ver doentes. Os médicos salvam doentes e merecem respeito

18 agosto 2020
Não, Senhor Primeiro-Ministro!!! Os médicos não se recusam a ver doentes. Os médicos salvam doentes e merecem respeito
Perante o surto de COVID-19 do Lar de idosos de Reguengos de Monsaraz, detetado em 18 de junho, e em resultado e no contexto do qual, até à data, morreram 16 utentes, 1 trabalhadora e 1 outro cidadão, três primordiais reparos devem ser feitos:

Não, Senhor Primeiro-Ministro, os médicos, que foram convocados administrativamente pelas hierarquias sob uma muito alta pressão coativa, que configura grave exemplo de assédio moral, para trabalhar nas deploráveis condições existentes no Lar, ainda assim não se furtaram ao cumprimento de quaisquer deveres seus, laborais ou deontológicos, antes os honraram;

Não, Senhor Primeiro-Ministro, os médicos, que se encontram exaustos no desempenho porfiado das tarefas assistenciais que sobre si impendem, esgotados no cumprimento de cargas de trabalho suplementar de períodos sucessivos de mais 6 e de mais 12 horas diárias, para além de todos os limites semanais e anuais a que estão obrigados  nos termos da lei e das convenções coletivas de trabalho em vigor, não faltaram à chamada nem abandonaram os seus doentes, defenderam-nos;

Não, Senhor Primeiro-Ministro, os médicos, que tempestiva e reiteradamente denunciaram, por intermédio das associações profissionais que os representam, os atropelos, desde logo omissivos, que os sistemas de assistência e solidariedade social e de saúde revelaram, não atuaram levianamente, pelo contrário, provocaram abertamente, e bem, o clamor nacional que, com horror, pôs cobro à sobranceria e à indiferença de alguns dos responsáveis locais, regionais e nacionais desta tragédia, em que se jogou com a vida e a morte de alguns dos mais carenciados de entre todos.

Visto isto, Senhor Primeiro-Ministro, melhor seria que o Governo a que preside, genuinamente, se interessasse por superar as deficiências reconhecidas agora expostas publicamente e tudo fizesse por resolver as gravíssimas lacunas materiais e humanas do setor da saúde, em vez de propalar inverdades e juízos preconceituosos contra quem, ao longo de centenas de jornadas de trabalho, tem dado o seu melhor e garantido uma prestação de cuidados da maior qualidade, o que tanto nos honra.

Lisboa, 18 de agosto de 2020

O Secretário-Geral do SIM,

Jorge Roque da Cunha


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