O Ministério da Saúde
promoveu 83 administradores hospitalares, todos os que têm contrato na função pública, a maioria ao 3.º grau, mas também aos 2.º e 1.º graus, através do Despacho n.º 11813/2020, de 30 novembro e assinado pelo Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.
O gabinete da ministra Marta Temido afirma que se trata "de um reconhecimento de competências e que não tem implicação salarial". Escusado será dizer que esta atenção e reconhecimento do que lhes é devido nada tem a ver com o facto de a Ministra da Saúde ser da carreira da administração hospitalar, tendo inclusive presidido à Associação Portuguesa Administradores Hospitalares.
O presidente desta Associação, ouvido pela Comunicação Social, sublinha que a medida não tem impacto salarial, mas estes administradores podem candidatar-se às vagas nos hospitais, o que será feito por concurso e, aí sim, haverá compensação remuneratória. Por explicar fica o porquê de as promoções terem carácter retroativo, uma delas a 1995.
Lamenta-se mais uma vez, e depois de tal já ter acontecido em passado muito recente com os Senhores Magistrados, o procedimento diferenciado para com os profissionais de saúde com funções assistenciais e que têm assegurado o funcionamento do SNS na sua mais grave crise, profissionais de saúde esses (médicos e todos os outros) que decididamente não são uma prioridade.
O Ministério da Saúde recusa-se a discutir a proposta do SIM para uma nova grelha salarial, prevista e assumida desde os acordos de 2012, em que foram introduzidos ajustes remuneratórios em função do acréscimo temporário de tempo de trabalho e de listas de utentes, ajustes e não revisão salarial sublinha-se e repete-se...
Esse facto tem contribuído para que não haja substituição dos médicos que vão saindo do Serviço Nacional de Saúde. Nos últimos quinze anos a perda do poder de compra dos médicos foi de 23% e isto ao mesmo tempo que a iniciativa privada, muito agressiva, os contrata pagando mais e dando-lhes melhores condições.
Mas a abertura agora manifestada para com os Administradores Hospitalares é, acreditamos, um bom prenúncio de que tal atitude vai ser generalizada.