O Centro Hospitalar e Universitário de São João está a preparar-se para uma eventual terceira vaga da pandemia já em Janeiro, diz o presidente do conselho de administração, Fernando Araújo, que discorda da forma como foram atribuídos prémios aos profissionais de saúde e critica o centralismo de Lisboa.
Está à espera de uma terceira vaga em breve?
É previsível que possa haver uma terceira vaga. Esperemos que não, mas estamos a preparar-nos claramente para uma terceira vaga, já em Janeiro. Temos que nos preparar para os piores cenários. É previsível que aumente a pressão na urgência e no internamento em meados de Janeiro, por isso não desmobilizamos a máquina toda, vamos mantendo-a e melhorando até alguns aspetos para, quando necessário, poder ativá-la. Atualmente estamos no nível três de quatro níveis do plano de contingência.
como é que olha para o prémio atribuído a apenas alguns profissionais?
Com alguma insatisfação. Nós atuamos em equipa. Para alguns estarem a tratar doentes covid outros tiveram que estar a tratar doentes não covid com o mesmo empenho e o mesmo esforço. E há outras áreas de suporte tanto ou mais importantes que também não vão ter prémio. Isso gera alguma desilusão. Acho que [o prémio deveria ser atribuído] de uma forma global aos que estiveram a trabalhar.
Disse que em Lisboa se desconhece o resto do país.
Não tenho nenhuma dúvida, cada vez mais sinto isso. A realidade, nomeadamente no Norte do país, é muito menos conhecida em Lisboa, nos ministérios e administração pública, e isso limita claramente a capacidade de intervenção nos locais e nas regiões. Isso também devia ser repensado.