Público, 7 julho 2021, Alexandra Campos
O número de pessoas sem médico de família em Portugal voltou a ultrapassar a barreira de um milhão em junho. Há menos médicos nos cuidados de saúde primários numa altura em que se impunha um reforço significativo para conseguir recuperar o que ficou por fazer nos centros de saúde, onde um ano de pandemia de covid-19 se refletiu numa diminuição de mais de nove milhões de consultas médicas presenciais e deixou milhares de doentes crónicos sem acompanhamento e muitas patologias por diagnosticar.
"Muitos recursos estão direcionados para a vacinação contra a covid-19. Tudo isto teve um impacto no acompanhamento de doentes”, frisa Alexandre Lourenço. "Os doentes não covid continuam a ficar para trás. Não têm sido encontradas alternativas para libertar os médicos de família, que foram desviados para a área covid e para a vacinação”, corrobora o bastonário da OM, Miguel Guimarães.
"Mas os próprios profissionais dizem que não conseguem fazer mais do que estão a fazer.” Alexandre Lourenço nota que muitos estão ocupados a seguir doentes com covid-19 e alocados à campanha de vacinação em curso.
Por isso, o bastonário da OM defende que é "urgente libertar os médicos de família para o acompanhamento de doentes não covid” e, para conseguir de facto recuperar pelo menos uma parte do que ficou por fazer, é necessário "contratar médicos fora do sistema”.