Este fim de semana todos os hospitais da área da Grande Lisboa estiveram sem capacidade para receber grávidas nas urgências. Há uma situação de fundo de falta de médicos no SNS pela incapacidade do Ministério da Saúde de atrair e fixar médicos no SNS, nomeadamente os recém-especialistas.
Neste último concurso de Obstetrícia mais de metade dos médicos acabaram por não ficar no SNS. As equipas estão abaixo dos mínimos. Os médicos têm já centenas de horas extra a mais em relação ao que são obrigados a fazer. No ano passado foram feitos 8 milhões de horas extra pelos médicos do SNS. Não é possível pedir mais trabalho aos médicos. As empresas prestadoras de serviços representam cerca de 140 milhões de euros.
O Ministério da Saúde, em vez de negar o problema, devia procurar as razões e encontrar soluções. E a primeira razão é o facto de o Ministério da Saúde não tratar bem os seus profissionais. Há falta de investimento nos serviços. E nunca os privados cresceram tanto como agora. O Ministério da Saúde, sabendo disso, sabendo da capacidade do privado e do estrangeiro de contratar os nossos excelentes médicos, devia negociar soluções com os sindicatos. No entanto, o Ministério da Saúde continua a recusar-se a falar com os médicos. É inqualificável que num Estado Democrático um Governo se recuse a falar com os sindicatos.