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Sindicato Independente dos Médicos

Esclarecimento dos médicos de Cirurgia Geral, pouco resilientes, do CHU Lisboa Norte

30 novembro 2021
Esclarecimento dos médicos de Cirurgia Geral, pouco resilientes, do CHU Lisboa Norte
Na qualidade de médicos assistentes hospitalares e chefes de equipa de cirurgia geral a exercer funções no Departamento de Cirurgia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), vimos por este meio prestar esclarecimentos sobre as posições por nós assumidas nas últimas semanas, nomeadamente a indisponibilidade para realização de horas extraordinárias, demissão dos cargos de chefia de equipas de urgência, e invocação de exclusão de responsabilidade disciplinar face ao funcionamento anómalo do Serviço de Urgência Central.

Atualmente, como cirurgiões gerais do CHULN, pertencemos a equipas altamente especializadas e com elevado grau de diferenciação. Integramos ainda o quadro de assistentes e docentes da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Desenvolvemos atividade assistencial (Internamento, Consulta externa, Apoio aos Serviços, Urgência Interna, Bloco Operatório, Reuniões Multidisciplinares), e somos ainda responsáveis pela formação dos médicos internos do complementar, da especialidade e dos estudantes da faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

A organização do Serviço de Urgência Central do CHULN, rege-se por circuitos de referenciação interna e protocolos de actuação desatualizados que obrigam os Cirurgiões a ser responsáveis por situações clínicas para as quais não tiveram formação e que contornam as competências reconhecidas pelo Colégio da Especialidade, muitas não urgentes ou fora do pressuposto da nossa área de atuação, e em condições que violam o âmbito da nossa intervenção em contexto de centro hospitalar de nível III, contribuindo para a exaustão de uma equipa já fragilizada e subdimensionada.

O número deficitário de elementos de cada equipa obriga à prática de um horário extraordinário permanente, ultrapassando largamente os limites previstos por lei, colocando em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados à população, quer em contexto de urgência, quer em contexto eletivo.

Em resumo, a degradação das condições de trabalho no Serviço de Urgência externa, nomeadamente o número excessivo de horas extraordinárias, equipas subdimensionadas para o trabalho prestado, realização de trabalho fora do âmbito da nossa especialidade, compromete uma adequada e segura prestação de cuidados de saúde aos doentes na urgência, compromete a atividade assistencial não urgente, a formação contínua dos médicos do Departamento de Cirurgia, com exaustão do presente quadro clínico do Serviço.

Esta situação, há muito previsível, foi continuadamente reportada ao longo dos anos, seguindo a hierarquia institucional, sem que tenham sido concretizadas respostas com impacto na prática clínica, por parte da tutela.

Assim:

a. No dia 21 de Outubro de 2021, os assistentes hospitalares informaram formalmente a Direcção de Departamento e a Direção Clínica da sua indisponibilidade para continuar a fazer horas extraordinárias, para além das previstas por lei, e já em muito ultrapassadas nesta data, nas condições antes referidas.

b. Os chefes de equipa de cirurgia, no dia 10 de Novembro de 2021, solidários com as questões levantadas, e na ausência de qualquer resposta por parte da Direção Clínica, apresentaram a demissão do seu cargo.

c. No dia 22 de novembro os chefes de equipa formalizaram a demissão do cargo de chefia, pediram recusa de horas extraordinárias e pedido de dispensa de obrigação de prestar Serviço de Urgência, ao abrigo da legislação em vigor, por ter sido ultrapassado o limite de idade.

d. No dia 24 de novembro de 2021 e perante a manutenção dos problemas identificados, também os Internos de formação específica decidiram recusar a realização de horas extraordinárias.

e. À data, decorreram diversas reuniões com os órgãos de administração hospitalar, verificando-se que a maior parte das questões por nós expostas continuam sem resolução. Tendo em conta o acima exposto, a partir do mês de dezembro de 2021, não estão assegurados critérios para constituição de equipas de Urgência Externa no CHULN que garantam o atendimento dos doentes sem risco de ofensa directa à legis artis e sem produção, embora involuntária, de eventuais danos aos doentes a cargo desta instituição.

Lisboa, 30 de novembro de 2021

Chefes de equipa de urgência, assistentes hospitalares e internos da formação específica da especialidade de Cirurgia Geral do Departamento de Cirurgia do CHULN
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