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Sindicato Independente dos Médicos

Observador: A nova geração de médicos “não quer ser escravizada” no SNS

20 dezembro 2021
Observador: A nova geração de médicos “não quer ser escravizada” no SNS
Observador, 19 dezembro 2021, Ana Kotowicz

Em janeiro, Laura Teixeira viaja para a Alemanha. Não vai sozinha e leva consigo alguns amigos, colegas do curso de Medicina. É lá que, aos 25 anos, vai fazer o seu internato de ginecologia/obstetrícia depois de ter completado o curso em Portugal e de ter rumado do Porto até Faro para fazer o ano de formação geral num hospital público. Isso foi suficiente para perceber que aquilo que queria o Serviço Nacional de Saúde não lhe consegue dar: uma boa carreira associada a uma boa qualidade de vida.

Este ano, pela primeira vez desde que há mais candidatos do que vagas, ficaram por preencher 50 lugares de internato médico — os seis anos de formação num hospital do Serviço Nacional de Saúde que permitem a um médico tornar-se especialista. A maioria dos lugares que ficaram vazios são em Medicina Interna e em Medicina Geral e Familiar. O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, foi um dos que não conseguiu cativar jovens médicos para todas as vagas disponíveis. Sobraram-lhe 10 de Medicina Interna.

Laura é uma dessas jovens que disse não a um internato no SNS. Fez a Prova Nacional de Acesso (que lhe dá a nota com que será seriada nas vagas do internato) a que se seguiu o ano de formação geral no Centro Hospitalar Universitário do Algarve. A nota que conseguiu (105) até era suficiente para poder ter alguma escolha entre as vagas disponíveis, mas durante o ano de formação geral, a semente cresceu. Por um lado, falou com colegas que já se tinham mudado para a Alemanha. Por outro, viu em primeira mão como é a vida de um médico interno por aqui. E não gostou.

"As condições não eram o que eu queria. Há falta de pessoas, os internos fazem muito mais do que as 40 horas semanais, a maior parte delas em horas extras que não são pagas”, conta, lembrando que há ainda aquilo a que os jovens médicos chamam de curriculite. "Para o exame da especialidade, temos de ter artigos publicados, investigação feita, presença em congressos… Entre hospital e currículo são bem mais do que 80 horas semanais”, argumenta a jovem médica.

"Eu não quero passar os meus próximos seis anos a trabalhar 80 horas por semana. Quero ter vida pessoal e familiar e, no fim da especialidade, terei 31 anos. Vi o que era a vida dos meus colegas em Faro, e vi o que se passa no Hospital de São João, no Porto. É igual. Não quero isso para mim.”

Na Alemanha, vai ganhar mais, não leva trabalho para casa, o horário é cumprido e as horas extra são pagas.

Artigo completo em Observador.

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