Só foram ocupadas 32 das 66 vagas em Lisboa e Vale do Tejo no concurso para Médicos de Família aberto em dezembro de 2021. Ou seja, foram ocupadas menos de metade das vagas.
A nível nacional, para um total de
235 vagas e
241 candidatos, foram apenas preenchidas 160 vagas. Ou seja, 81 médicos que concorreram ao concurso optaram por não escolher qualquer vaga.
A estes, acrescem ainda os médicos que denunciarão os contratos durante o período experimental face às condições de trabalho com que serão confrontados em várias instituições do Serviço Nacional de Saúde.
O SIM sabe que o Ministério da Saúde está a contactar os médicos que não escolheram vaga para apurar os motivos pelos quais não escolheram vaga.
Lamentavelmente o Ministério da Saúde ignorou e ignora os inúmeros alertas do SIM para a grave situação que se vive no Serviço Nacional de Saúde.
Lamentavelmente recusou nesta legislatura reunir com o SIM e aproveitar as propostas construtivas.
No que se refere aos Cuidados de Saúde Primários, os motivos são, entre outros, os seguintes:
- remuneração que não é compatível com o nível de formação e responsabilidade de um médico especialista, com um salário líquido de 1.744 € por mês para 40 horas semanais;
- listas de utentes sobredimensionadas, com 1.900 utentes por Médico de Família quando o limite deveria ser de 1.500 utentes;
- ausência de normas de organização do trabalho médico, com frequente ausência de tempo do horário de trabalho alocado para inúmeras atividades para além da consulta presencial;
- trabalho burocratizado e centrado em dezenas de indicadores, a maioria de utilidade clínica muito duvidosa;
- degradação das instalações e equipamentos, incluindo equipamento informático e software adequado à prática clínica.
Foi neste âmbito que o SIM fez já chegar aos partidos políticos o seu caderno reivindicativo lamentando a oportunidade perdida pela senhora Ministra da Saúde nos últimos anos.