Carta Aberta
Médicos de Portugal exigem fim do conflito bélico na Ucrânia
E corredor humanitário independente e livre
Os médicos de Portugal exigem o fim do conflito bélico na Ucrânia.
Nós, médicos a exercer em Portugal, opomo-nos ao conflito que se trava neste momento em território ucraniano e apelamos urgentemente ao cessar-fogo, bem como à existência imediata de um corredor humanitário independente e livre que permita que a ajuda chegue efetivamente a quem precisa.
Neste momento muito difícil, apelamos ao fim imediato das hostilidades e à resolução de todas as questões políticas exclusivamente por meios pacíficos.
Jurámos consagrar a nossa vida ao serviço da humanidade. A nossa missão é salvar vidas humanas. Queremos um mundo sem medo. Onde ninguém tenha de sofrer sem acesso a cuidados médicos. Queremos a ciência ao serviço da vida e não da destruição.
Somos de várias nacionalidades e trabalhamos juntos num país, Portugal. Somos portugueses, ucranianos, russos, brasileiros, espanhóis, italianos, cubanos, e de muitas outras nacionalidades. E estamos juntos pela paz e pela vida. Com humanismo e solidariedade. Sem fronteiras. Somos os soldados da paz, que não desistem de lutar pela vida das pessoas, que não deixam ninguém para trás, que cuidam e protegem os seus doentes.
Ser médico é estar na linha da frente, na liderança, sem deixar ninguém sozinho, em tempo de paz e de guerra. Existimos para servir os nossos doentes. Temos o mais antigo juramento deontológico, a mais antiga profissão de fé. Tratamos os ricos e os pobres, os capitalistas e os trabalhadores, os ditadores e os cidadãos, as celebridades e os anónimos. Tratamos todos da mesma maneira. A nenhum, perguntamos pelas suas ideias. Não dividimos as pessoas em amigos e inimigos. Não permitimos que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o nosso dever e o nosso doente. E o nosso doente não tem idioma. A dor não tem idioma. A vida humana não tem idioma. Falamos todos a mesma linguagem através do olhar das crianças que choram, do ranger determinado dos dentes de quem tudo faz para salvar a sua família em busca de um porto seguro, da testa enrugada de quem assiste, a cada tiro, a cada bomba, a mais uma morte. E os doentes entregam ao médico a sua vida.
Os direitos humanos não estão a ser respeitados nesta guerra, nem mesmo o princípio internacional da neutralidade médica. Exemplo disso foi o bombardeamento a vários hospitais. Impedir a assistência médica dos doentes viola o direito internacional e as regras básicas da vida humana. Garantir que os doentes e vítimas tenham total acesso a cuidados de saúde é uma obrigação dos países em conflito e de toda a comunidade global.
Ninguém ganha com esta guerra. Estamos todos a perder. E cada minuto conta. Os mortos, os traumatizados e a destruição não param de aumentar.
Exigimos um cessar-fogo imediato e a abertura de um corredor humanitário independente e livre na Ucrânia que permita ajudar as pessoas e salvar vidas.
Este é o momento de nos abraçarmos e ficarmos mais fortes.
Bem hajam.
Slava Ukraini
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