O Sindicato Independente dos Médicos, após ter manifestado no passado mês de março através de dois ofícios a sua grande preocupação com o que está a ocorrer nos serviços de urgência externa e interna do Hospital de Vila Franca de Xira, tomou conhecimento que a situação se degradou.
Infelizmente o Conselho de Administração não cumpre a sua obrigação de entidade pública suportada pelos nossos impostos, tendo posto em marcha uma campanha de falsidade.
Ao invés de pressionar a tutela, preocupou-se a desmentir o indesmentível, que tinha dado ordens para desguarnecer a urgência interna (200 camas de doentes internados).
Não fora a denúncia pública do SIM, não temos qualquer dúvida que as situações pontuais - que o próprio CA admitiu em notícia do Mirante, de 18 de abril de2022 - se teriam tornado definitivas ou, ainda mais grave, corria-se o risco de desguarnecer a própria Unidade de Cuidados Intensivos.
Este fim de semana, com uma equipa na urgência externa com apenas um médico especialista e um médico interno - quando deveriam ser quatro médicos - foi indicado à especialista escalada para a urgência interna que se desdobrasse nos dois serviços.
Com efeito, as condições de trabalho dos trabalhadores médicos nesse hospital estão cada vez mais empobrecidas, com graves e crescentes dificuldades no exercício da medicina e, em consequência, no atendimento e cuidado dos doentes.
Além da insuficiência das equipas que são constituídas no âmbito de Serviço de Urgência, sem observação dos mínimos indispensáveis previstos para o efeito, mantêm-se situações que representam uma evidente e insuportável depauperação da segurança do ato médico e que põem em causa o atendimento dos doentes que acorrem ao hospital.
Repetimos que o médico que se encontra afeto ao serviço de urgência externa ou ao serviço de urgência interna não pode ser afeto a qualquer outro serviço nem lhe podem ser acometidas outras tarefas concomitantes e muito menos quando uma única equipa, já depauperada face ao preconizado pela Ordem dos Médicos, está afeta à vigilância de doentes em sete pisos distintos, de diversas especialidades, em cumulação com o serviço de urgência externa.
É impossível que os médicos sejam confrontados com a responsabilidade de responder a situações emergentes em diferentes serviços e localizados em espaços completamente distintos ao mesmo tempo, o que diminui ainda mais a capacidade de resposta, colocando vidas em perigo.
O SIM repete a questão e exige resposta:
- Para quando a revisão das escalas e dos procedimentos de modo a garantir-se a segurança das condições de trabalho dos profissionais médicos, mas igualmente de todos os que acorrem ao Serviço Nacional de Saúde, o que temos em crer que será imediatamente adereçado por V. Exa.?
- Para quando o respeito pelos portugueses e pelas questões colocadas por um sindicato médico que, graças ao 25 de abril, por lei, tem obrigação de defender os seus associados e ser respeitado?