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Sindicato Independente dos Médicos

Xavier Barreto: “Temos de ter incentivos mais imediatos em função dos médicos”

20 junho 2022
Xavier Barreto: “Temos de ter incentivos mais imediatos em função dos médicos”
Jornal de Notícias/TSF, 19 Junho 2022, Domingos de Andrade e Inês Cardoso

Melhorar as condições salariais e criar incentivos para os melhores é a única forma de resolver a carência crónica de especialistas no SNS, que nesta altura está sem condições e é pouco atrativo.

O problema da falta de especialistas em obstetrícia está sinalizado há anos. Houve falta de ação dos hospitais e do Governo?
Houve claramente falta de uma estratégia por parte do Governo. Os hospitais têm sinalizado esta carência sistematicamente, têm pedido contratos, têm pedido até uma alteração das regras, nomeadamente do recrutamento de profissionais, mas infelizmente não tem surtido efeito.

Mas há profissionais para recrutar?
Há, nomeadamente os mais novos, que têm optado por sair do Serviço Nacional de Saúde. O SNS tem-se tornado pouco atrativo até para aqueles que se formam todos os anos. Claramente porque a grelha salarial já não é adequada, porque a progressão na carreira já não é a adequada também. Foram criados incentivos para as pessoas abandonarem o contrato individual de trabalho, que nos dá um quadro estável, e migrarem para outras situações, seja o privado, seja por exemplo a prestação de serviços de que agora se fala tanto, que é um problema que começou há já muitos anos. Se nós temos uma grelha salarial que está estagnada há dez anos, e se ao mesmo tempo pagamos mais na prestação de serviços, estamos naturalmente a criar um incentivo para esta migração.

Um sistema de avaliação diferente?
Claramente. O atual sistema de avaliação faz com que um profissional esteja dez anos a ser avaliado para conseguir progredir para o grau subsequente, e isto corresponde a um aumento de 100 euros. Não faz sentido absolutamente nenhum. Temos de ter incentivos muito mais imediatos em função daquilo que cada pessoa faz. Isso já existe em alguns pontos do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente nos centros de responsabilidade integrados que estamos agora a implementar em vários locais. A produção aumentou imenso, os doentes estão satisfeitos e os profissionais também.

Não terão os sindicatos dos enfermeiros e os sindicatos médicos a manifestarem-se contra um modelo de avaliação como refere?
Não sei. Nunca ouvi esse tipo de manifestação. Pelo contrário, tenho ouvido os sindicatos e até a Ordem dos Médicos a defender o modelo. Naturalmente que os indicadores têm de ser avaliados com cuidado. Sempre na lógica não de penalizar alguns, mas de destacar aqueles que são os melhores e pagar-lhes melhor. Porque o SNS tem todo o interesse em reter os melhores. O privado, quando vem ao SNS recrutar, recruta os melhores.

Acha que o recurso a médicos estrangeiros é uma solução realista?
Não sei que médicos estrangeiros estão disponíveis para vir para Portugal. Assim de repente, não estou a ver qual é o país da Europa que tem uma grelha salarial mais baixa que nós.

Entrevista completa em Jornal de Notícias.
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