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Sindicato Independente dos Médicos

Médicos Internistas do Hospital de Vila Franca de Xira apelam reforço de meios

28 julho 2022
Médicos Internistas do Hospital de Vila Franca de Xira apelam reforço de meios
Nos últimos meses, no Hospital de Vila Franca de Xira, tem-se assistido a contínuas rescisões contratuais, agravando a falta de (já escassos) recursos humanos. Neste momento, o desalento impera nos corredores do Hospital. Soubemos que recentemente a diretora do Serviço de Medicina Interna pediu a demissão invocando falta de meios.

Para além da notícia desta debandada contínua de médicos, chegou ao conhecimento do Sindicato Independente dos Médicos – SIM que há duas semanas deu entrada no Colégio de Especialidade de Medicina Interna da Ordem dos Médicos (OM) um pedido de apoio, subscrito por 24 médicos da instituição, para que se estabeleçam limites à carga assistencial relativa a doentes internados. Este tipo de atitude apenas acontece em casos extremos. É um grito  desesperado de clínicos que temem pela saúde dos seus doentes e exigem melhoria das condições de trabalho (pelo menos para os mínimos mais elementares que permitam a prestação de cuidados).

O SIM sabe também que os médicos deste Serviço de Medicina Interna (MI), à semelhança de outros no Hospital, são cada vez menos, não tendo a saída de clínicos vindo a ser compensada com novas contratações. O agravamento crónico dos rácios doente/médico obriga cada especialista a observar 12 doentes, quando o último despacho ministerial existente estipula que o rácio normal seria de 8 médicos por cada 60 camas, o que perfaz 7,5 doentes por especialista, sem contar com o apoio dos internos em formação.

Apesar dos contínuos alertas do SIM, o Conselho de Administração (CA) parece empenhado em esticar a corda, sem reparar que a corda já deve ter partido. Parece estar igualmente a investir na pintura de um quadro de propaganda cor-de-rosa, no qual "contrata” médicos (que já se encontravam a trabalhar no Hospital como internos), ao invés de ser verdadeiro, para que se abordassem com seriedade os problemas e se procedesse à sua resolução.

Para completar escalas de urgência, o CA, no qual tem assento a Diretora Clínica, ao invés de contratar os profissionais em falta, impôs que as escalas fossem reforçadas com mais elementos do Serviço de Medicina Interna. Ainda assim, mantém-se evidente a falta de médicos no Serviço de Urgência (SU): um médico destacado de urgência interna teve de descer seis vezes ao SU, ato que, para além de ir contra os princípios do próprio Colégio de Especialidade da OM, é uma perigosa insensatez.

Estas medidas aumentaram a demanda laboral dos clínicos. Estes médicos, ao abrigo da legislação em vigor, incluindo Acordos Coletivos de Trabalho, têm direito a gozar descanso compensatório. O aumento dos turnos dos quais decorre o gozo deste direito, consequente à excessiva alocação ao SU, fez com que o internamento da especialidade ficasse ainda mais depauperado. Assim, tornou-se ainda mais difícil a assistência aos doentes internados, aumentando o desgaste físico e emocional do corpo clínico do Serviço (que, recorde-se, tem já de base um rácio doente/médico superior ao estabelecido pela tutela).

Neste momento, esperam-se mais rescisões contratuais, tendo ainda esta semana sido entregue uma, o que irá agravar ainda mais a situação desesperante que se vive no Hospital. Por este motivo, foi pedida avaliação da OM para determinar o número máximo de doentes por médico necessário para manter atividade assistencial de qualidade, impondo um limite, para que os doentes não sejam apenas um número e de modo a devolver a qualidade e dignidade esperadas dos cuidados médicos.

Sabendo que o Serviço de MI tem dificuldades em angariar e reter clínicos, alertamos o CA que é mais fácil reter do que contratar novos clínicos. A elevada rotatividade e o recurso crescente a prestadores externos já demonstraram não ser solução, e tal é prejudicial para o Serviço de MI e para o Hospital: nem a contratar prestadores o Hospital consegue ser competitivo.

O SIM espera, para bem da população que o CA prometeu defender, que não se cancele mais atividade, como consultas e em bloco operatório, pondo em risco a qualidade da assistência aos doentes.

O SIM exige verdade e transparência e que o CA responda às várias cartas de alerta por nós enviadas.

O SIM exige qualidade e segurança para os doentes e para os profissionais.

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