No dia 23 de abril, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), enquanto membro da Federação Europeia de Médicos Assalariados (FEMS), participou na apresentação do "O Livro Branco” sobre as condições de trabalho dos médicos europeus, realizada no Parlamento Europeu, em Bruxelas, na Bélgica, com o apoio do eurodeputado Raffaele Topo.
O documento elaborado pela FEMS mostra os desafios urgentes enfrentados pelos médicos empregados na Europa e propõe soluções concretas para abordá-los.
O evento reuniu médicos, representantes de associações médicas europeias e sindicatos, bem como políticos europeus, gerando um debate produtivo sobre as medidas necessárias para garantir condições de trabalho dignas e sistemas de saúde sustentáveis em toda a Europa.
No referido livro consta uma crítica severa à transposição inadequada da diretiva europeia sobre o tempo de trabalho. Muitas vezes, o horário extraordinário e de prevenção, fica fora das proteções previstas na lei, com consequências não desprezíveis para a saúde física e mental dos médicos.
Da mesma forma, o aumento da violência verbal e física sobre os médicos, exige medidas de prevenção reforçadas, sanções mais rigorosas e apoio psicológico.
Ao mesmo tempo, a crescente feminização da profissão médica exige um reequilíbrio das trajetórias de carreira e a introdução de parâmetros de equivalência de tempo integral ajustados à idade e ao sexo.
Alessandra Spedicato, do sindicato de médicos italiano, dirigiu-se às instituições europeias e aos legisladores: "O gasto com saúde não é um custo, mas um investimento num direito fundamental - consagrado em muitas constituições nacionais. Esse investimento melhora e determina a saúde da população, que deve ser considerada a força motriz das economias nacionais e do crescimento do PIB".
O debate foi enriquecido pelas contribuições de Tómas Zapata (OMS Europa), Bethan Roberts (BMA), João de Deus (AEMH) e Álvaro Cerame (EJD), que focaram a problemática do envelhecimento da população que requer mais recursos, a par da idade avançada dos médicos europeus, a importância de incentivar os jovens europeus a optar pela medicina, a necessidade de definir remunerações justas e condições de trabalho que permitam conciliar a vida pessoal, familiar e profissional, e foi, ainda, abordado o papel relevante das diferentes instituições para soluções eficazes.
Para transformar essas propostas em políticas ativas, a FEMS lançará, em breve, o projeto "Moldando o Futuro da Saúde dos Médicos", uma iniciativa destinada a recolher dados comparativos ao nível europeu, e definir padrões mais sustentáveis de organização do trabalho.
A Assembleia Geral da FEMS realiza-se no próximo mês de maio, no Porto, e será organizada pela Ordem dos Médicos, SIM e FNAM.