O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) tomou boa nota, na sessão solene do 23.º Congresso Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, das palavras da Senhora Ministra da Justiça e da sua vaga menção a "rejuvenescimento e retenção de talento”, ignorando os problemas concretos e as soluções há muito identificadas.
Na realidade, o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) continua a ser o único local de trabalho onde os médicos não têm acesso ao regime de dedicação plena e permanece sem aplicar aos médicos legistas o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) em vigor desde 1 de julho e assinado pela própria Ministra.
O cenário repete-se nos Hospitais Prisionais, sob tutela da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), onde o regime de dedicação plena, embora previsto por este Governo, também não está a ser aplicado.
• As despesas com prestadores externos ("pessoal em regime de tarefa ou avença”) aumentaram 20% num ano, atingindo 8,1 milhões de euros;
• As despesas com pessoal do mapa cresceram cerca de 10%;
• Existem mais prestadores de serviços (459) do que trabalhadores com vínculo público (342);
• No caso dos médicos, a diferença é ainda mais gritante: 297 prestadores face a apenas 71 do mapa.
Estas contradições mostram que o discurso político não encontra correspondência na execução orçamental e na realidade.
O SIM tem solicitado reiteradamente uma reunião com Sua Excelência a Ministra da Justiça, sem que até ao momento tenha obtido resposta positiva.
O tempo decorrido e a gravidade e a urgência dos assuntos já apresentados obrigam a reforçar de modo veemente a necessidade de agendamento de uma reunião definitiva, que ponha termo aos bloqueios existentes e concretize as soluções pendentes:
• Implementar o regime de dedicação plena dos médicos do INMLCF, garantindo equiparação aos colegas do SNS e demais serviços;
• Aplicar integralmente o Acordo Coletivo de Trabalho em vigor, respeitando o quadro legal;
• Abrir concursos médicos regulares para o INMLCF e para a DGRSP, assegurando previsibilidade e transparência;
• Nomear os diretores de serviço dos hospitais prisionais e aplicar o regime de dedicação plena na DGRSP.
Estas incoerências não resultam de falta de meios, mas de falta de decisão política.
O Ministério da Justiça continua a adiar soluções, a agir fora do enquadramento legal e a desperdiçar recursos, ao manter a dependência de prestações externas em vez de estabilizar carreiras e reforçar equipas.
Não há rejuvenescimento nem retenção de talento quando se substituem carreiras por avenças.