Uma nossa Associada, médica na ULS de Matosinhos, desvinculou-se da instituição, despedindo-se por mail do modo que (e com a devida autorização da autora) abaixo reproduzimos.
Esta desmotivação e os motivos que a foram fortalecendo não são caso isolado. Naquela e noutras instituições do SNS.
Por algum motivo são milhares os médicos, técnicos altamente diferenciados e cuja formação foi paga a preço de ouro, que abandonam o Serviço Nacional de Saúde. Aposentando-se antecipadamente. Pedindo exoneração. Deslocando o seu saber e entusiasmo para o sector privado. Emigrando para países onde são acarinhados a todos os níveis.
Por algum motivo se assiste a repetidos concursos de recrutamento que ficam desertos...
Será que isto não faz pensar os responsáveis, se de facto estão interessados na sustentabilidade do SNS em termos que não apenas os financeiros?
Assunto: DESPEDIDA
Caros colegas, enfermeiros, auxiliares, administrativos e demais colaboradores da ULSM,
A todos agradeço por terem feito parte da minha vida nestes últimos 8 anos.
Como já é do conhecimento público, desvinculei-me da instituição.
Poderia, duma forma diplomática, invocar ”motivos pessoais”, mas seria desonesto.
Toda uma série de acontecimentos que se seguiram à reforma do antigo director de serviço (confusões com a substituição no cargo, problemas na marcação de férias, dificuldades em assiduidades efectivas em congressos, mudanças compulsivas de horário, deselegância no trato...) perpetradas pela direcção clínica com a colaboração da actual direcção de serviço, fazem-me sentir que já não pertenço aqui.
Talvez que “O meu mundo não é deste reino”.
Sou e serei sempre uma mente livre. É uma forma de estar na vida. Uma questão de personalidade também.
Recuso-me a viver subjugada a um ambiente de medo, repressão, ameaça, despotismo, vingança, punição.
Não posso deixar de sentir saudade dos muitos e bons amigos que fiz, do trabalho que vinha realizando na dermatologia pediátrica e dos colegas da pediatria aos quais aproveito para agradecer a confiança e a amizade demonstradas, e do ensino médico e convívio com os internos (de MGF, pediatria e IAC’s), com os quais também muito aprendi. Aqueles que me conhecem bem, sabem que estarei sempre disponível.
Aproveito para agradecer publicamente ao Dr. XXXXX XXXXXX e enaltecer a sua isenção e imparcialidade como director de serviço.
Por fim, uma última palavra àqueles (ou serão aquelas?) que me tentaram prejudicar voluntariamente: “Que Deus lhes permita, um dia, elevarem-se acima da mediocridade!”
Até sempre!
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