De um nosso associado, Médico de Família a trabalhar numa USF, recebemos o seguinte comentário, que reproduzimos na íntegra:
Se isto continuar como está, irei pensar em como sair da minha USF mod B, sem penalizar a Equipa que me acolheu... Se há quem esteja aflito por entrar, melhor para mim... Mais fácil é sair!
É que para executar o que pretendem que eu faça, não precisava do esforço do curso de medicina, nem das minhas duas horas diárias que continuo a dedicar ao estudo: basta ter algumas noções de contabilidade e gestão, e paciência para todos os meses descarregar as folhas cálculo do SIARS. Não foi para isso que me preparei! E agora até vamos ter que "convencer" todos os utentes a aderirem aos "programas" de vigilância, queiram ou não, porque os indicadores deixam de considerar a opção de não vigilância do utente como relevante... Estamos a caminho de nos tornarmos apenas vendedores do Ministério da Saúde, na vertente mais autocrática... Já só falta começarmos a expulsar os "não cumpridores" dos nossos ficheiros. Ou, pior, a aldrabar a população para fazer o que se pretende que faça... Isto começa a cheirar ao que de pior fez o Estado Novo (com o apoio de muitos que se poem em bicos de pés por se auto intitularem democratas e de esquerda).
Acho que nos estão a aplicar o mesmo modelo que levou os bancos ao estouro do subprime... Números e indicadores complexos, cada vez mais complexos e mais opacos, até para os peritos, com conteúdo cada vez mais escasso. Resultados? Mais números. Pelos vistos a recessão não chegou para aprenderem que as coisas reais, precisam de realidade. Gostam da agitação e do ruído, não percebem nada do miolo da questão e estão-se nas tintas para as pessoas!
Já não tenho idade para emigrar, de modo que continuarei "por aí". Mas não é verdade que os que emigraram o fizeram como uma forma de desistir: parece-me que é exatamente o oposto, é a opção lógica para não ser engolido até no mínimo de dignidade que ainda nos resta. Fico desapontado com a (in)capacidade dos médicos em se assumirem como tais. Parece que deixou de haver doentes. Será que entre a eugenia do rastreio pré-natal, o aborto e a (futura) eutanásia, já não sobrará ninguém doente para cuidar?...
Olhem que não, olhem que não!
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