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Sindicato Independente dos Médicos

Greve dos Médicos: Carta Aberta aos Cidadãos Portugueses

04 maio 2017
Greve dos Médicos: Carta Aberta aos Cidadãos Portugueses
Os Médicos paralisam a sua atividade durante 2 dias, no dia 10 e 11 de maio de 2017, não prestando trabalho normal, nem trabalho extraordinário. No respeito pelos nossos doentes e no cumprimento das normas deontológicas que nos guiam, serão escrupulosamente cumpridos os serviços mínimos, os mesmos que são disponibilizados nas 24 horas de domingos e feriados. Durante a greve médica os médicos garantem a prestação dos cuidados de quimioterapia e radioterapia, diálise, urgência interna, dispensa de medicamentos para uso hospitalar, imunohemoterapia, recolha de órgãos e transplantes, cuidados paliativos em internamento, e ainda a punção folicular na procriação medicamente assistida a decorrer no SNS.

Perguntar-se-á o porquê de os médicos portugueses recorrerem ao seu direito constitucional à Greve, convocada pelos dois Sindicatos Médicos e explicitamente apoiada pela Ordem dos Médicos e pelas demais associações médicas sectoriais e movimentos autónomos médicos, por Especialistas e por Internos. Fazem-no porque se fartaram de ser interlocutores de um Governo e de um Ministério da Saúde que agem com deliberado desrespeito.

Sabemos que os responsáveis políticos e governamentais, tudo farão para descredibilizarem os Médicos e a sua luta e intoxicarem a opinião pública e a comunicação social com mentiras e mitos. Cabe-nos também, e desde já desmentir as esperadas calúnias:

Os médicos são uns privilegiados
Os médicos têm o privilégio de terem singrado no mestrado mais longo e mais exigente (6 anos), de acesso mais difícil e mais selectivo (médias acima de 18), de se terem entregado, num mínimo de 54 horas de trabalho por semana, ao seu internato médico de especialidade (que dura entre 4 a 6 anos), de terem prestado provas públicas ao longo do seu trajecto sócio-profissional. A verdade é que, se tudo correr bem, um médico será Especialista depois dos 30 anos de idade.

Os médicos ganham rios de dinheiro
A maioria dos médicos nos Hospitais aufere menos de 2.000€ líquidos! Claro que há quem ganhe mais! À custa de trabalho em Serviço de Urgência, de 24 horas seguidas de trabalho, fazendo perigar a sua saúde, a sua estabilidade familiar e social e, mais grave, o atendimento correto que os doentes merecem; ou também à custa de múltiplo emprego.

Os médicos são os que ganham mais na Função Pública
Um médico pode aspirar a ganhar, no final da sua vida ativa e depois de múltiplos exames e provas públicas, o que um Senhor Juiz ou um Senhor Magistrado ganham ao fim de 7 anos de exercício num Tribunal ou Comarca de 1ª Instância. Um médico nunca chegará ao vencimento de um Professor Universitário. De entre os licenciados no Estado, o médico é o funcionário com maior e mais exigente diferenciação académica e, em escala comparativa, com menor vencimento. A verdade é que os médicos estão situados na TRU (Tabela Remuneratória Única com 115 posições) da Função Pública entre os patamares 45 e 62, isto é, a meio da Tabela.

Os médicos querem Carreira para chegarem todos ao topo
Apenas 10% dos médicos chegam ao topo da Carreira. A verdade é que os concursos para a categoria de Assistente Graduado Sénior são a conta-gotas e muitos serviços de Saúde estão já a ser dirigidos por Assistentes sem graduação.

Para que é que os médicos precisam de uma Carreira?
A graduação do médico é o sistema português de validação de competências interpares. É desta validação que depende a formação dos médicos mais novos nos internatos da Especialidade. Portugal não se pode dar ao luxo de perder a formação dos seus Especialistas pois será sempre incapaz de competir no mercado internacional pela sua contratação, dado os baixos salários.

Os médicos defendem-se e encobrem-se uns aos outros
Os seguros existentes, pagos pelo próprio médico e não pelo empregador, nunca ilibam má prática (crime). Os médicos são a classe profissional mais escrutinada em Portugal em termos disciplinares, cíveis e penais e também pela comunicação social!

Os médicos têm a mania de se identificarem com o SNS
E bem! Sem médicos não há Serviço de Saúde. Sem os médicos portugueses não haveria SNS. O SNS é o único serviço público comparável internacionalmente e num patamar de excelência.

Os médicos querem perturbar a visita do Papa a Fátima
Ideia falsa lançada na Comunicação Social pelo Sr. Ministro da Saúde. A visita do Papa está aliás prevista apenas para o fim da tarde do dia 12. O anúncio da tolerância de ponto é da total responsabilidade do Governo, o qual já sabia semanas antes das datas marcadas para a Greve Nacional.

O Ministro da Saúde faz juras de reconhecer o trabalho dos médicos
O facto é que as Entidades Públicas Empresariais preferem contratar via prestação de serviços, os conhecidos tarefeiros, pois poupam nos vencimentos e na taxa social única. O facto é que os médicos mais novos, que acabam a Especialidade, ficam a receber como internos e a ter responsabilidade como Especialistas nas unidades de saúde do Estado.

Em suma, os médicos vão fazer Greve COMO FORMA DE PROTESTO PÚBLICO CONTRA A DEGRADAÇÃO DO TRABALHO E DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE.

Têm a palavra, no presente e no futuro, os médicos deste país.

O Secretariado Nacional do SIM


Carta Aberta aos Cidadãos Portugueses

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