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Sindicato Independente dos Médicos

Vacinas e DGS: estranhas cumplicidades

12 maio 2017
Vacinas e DGS: estranhas cumplicidades
Recentemente rebentou a polémica da não vacinação de crianças, fazendo perigar a vida das próprias crianças e colocando graves problemas de saúde pública. A vacinação salvou a vida e a saúde de milhares de milhões de crianças e os "argumentos" contra a vacinação não têm absolutamente nenhum fundamento científico, como está definitivamente comprovado. Foi demonstrada a falsidade total do artigo que deu origem à lucrativa especulação contra as vacinas.

Neste contexto, e bem, o diretor-geral da Saúde considerou que a vacinação é um "dever social".

Porém, é chocante, perigoso e de lamentar a dualidade de critérios da própria DGS quanto a este assunto, que não posso deixar de denunciar.

Efetivamente, a DGS deveria defender a ciência e a evidência científica, com todo o rigor, em todas as matérias da sua competência, mas não o faz.

A corrente antivacinas é alimentada pela inépcia da DGS em intervir na literacia em saúde e em defesa da ciência, colaborando passivamente na disseminação da mensagem antivacinas.

Há alguns meses, ainda como bastonário da Ordem dos Médicos e antes da crise do sarampo, enviei uma carta à DGS que não obteve qualquer resposta, num ensurdecedor e cúmplice silêncio.

Nessa carta, chamava a atenção para o site da Associação Portuguesa de Homeopatia, cujo representante é membro do Conselho Consultivo das Terapêuticas Não Convencionais (CCTNC), que funciona no seio da DGS, que partilha e sustenta várias teorias da conspiração sobre/contra as vacinas. A frase seguinte é retirada desse site: "As vacinas e outras fontes lesivas da saúde fazem parte do plano de enfraquecimento multigeracional do sistema imunitário, do genoma humano, da vontade e resistência humanas". É inenarrável.

Nessa carta, a Ordem dos Médicos perguntava, entre outras questões:

1. Qual a "cientificidade" da afirmação acima produzida?

2. Como pode a DGS nada dizer e nada fazer relativamente a este tipo de afirmações, que, por as induzirem em erros graves, põem em risco a saúde e a vida das pessoas, sobretudo das crianças?

3. Qual o papel, idoneidade e currículo do representante desta associação no CCTNC?

4. Como vai a DGS/Ministério da Saúde regulamentar e, por essa via, legitimar oficialmente a disseminação deste tipo de "cientificidades", que contrariam a esclarecida e fundamentada posição oficial da DGS sobre vacinação e podem constituir um claro risco para a saúde pública?

Desta carta, demos conhecimento ao ministro da Saúde e à Comissão de Saúde da Assembleia da República.

Ninguém respondeu!...

Será que agora alguém terá a coragem de responder seriamente a estas perguntas?

Se o silêncio continuar, a não vacinação de crianças e as respetivas consequências ficarão a pesar na consciência dos responsáveis (?) da saúde em Portugal.

Estranhas cumplicidades...

Artigo de Opinião JN - Prof. Doutor José Manuel Silva
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