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Sindicato Independente dos Médicos

Público: “Dar um médico de família a 1,5 milhões de utentes rapidamente é uma utopia”

29 abril 2024
Público: “Dar um médico de família a 1,5 milhões de utentes rapidamente é uma utopia”
Público, 26 abril 2024, Ana Maia

O recém-eleito secretário-geral Nuno Rodrigues participou nas negociações com o anterior executivo e é o caderno de encargos que não foi cumprido que leva às negociações.

Quer ver melhorias nas condições de trabalho, como a redução do horário semanal dedicado às urgências e progressão nas carreiras para evitar cenários, que continuam a acontecer, de urgências fechadas.

Em entrevista ao Público, afirma que a reforma das Unidades Locais de Saúde (ULS) — que juntou centros de saúde e hospitais sob a mesma administração — deve ser avaliada, mas que não deve haver um recuo.


O ano passado ficou marcado por problemas nas urgências, com vários encerramentos. Corremos o risco de este ano esse cenário se repetir?
O cenário já se está a repetir. Todas as urgências de ginecologia/obstetrícia entre Coimbra e Faro — Coimbra e Faro não incluídas — estavam encerradas na anterior sexta-feira à noite, com equipas diminuídas aos mínimos.

O SIM tem propostas para a resolução deste problema?
Os problemas que levaram à saída dos nossos colegas de ginecologia/obstetrícia são más condições de trabalho, risco clínico de cometerem mais erros médicos, falta de progressão na carreira, baixos salários comparativamente aos privados. Os problemas estão identificados. Se for preciso, temporariamente, resolver este problema de outra forma, estaremos disponíveis para discutir quais é que são as medidas. A dedicação plena tinha uma porta aberta para haver urgências metropolitanas. O que temos defendido é que devem ser preenchidas de forma voluntária.

Noutras especialidades, nas urgências gerais, essa é uma situação que também se repete.
Neste momento, já temos vagas sobrantes para formação da especialidade. Quais e onde? Medicina Interna na zona da Grande Lisboa, porque as urgências estão um caos. Temos 1,5 milhões de portugueses sem médico de família e muitos deles nesta área. E os médicos de família também não querem porquê? Têm melhores condições, com mais tranquilidade, no privado do que em instalações que não são adequadas, em que são sujeitos a pressão, a centenas de horas extras de atendimento. Estas condições é que levam a que comece a existir vagas sobrantes de medicina geral e familiar, de medicina interna, de saúde pública e de outras especialidades.

Diz que a lista de utentes devia ser menor. O que é que defendem?
A nossa questão é que quando foram feitas as análises de quem recorre ao serviço de urgência, mesmo os utentes com médico de família ainda recorriam bastante. Isto significa que, como as listas são tão grandes, os utentes muitas vezes não têm acesso ao seu médico de família. E, portanto, achamos que essa seria uma medida mais útil para garantir o acesso real. Por isso, temos dito que dar a 1,5 milhões de portugueses um médico de família rapidamente é uma utopia. [Ser] médico de família não é dar uma consulta por ano. […] Na contratualização das USF[Unidade de Saúde Familiar] há carteiras de serviço adicionais que podem ser feitas. Os governos nunca assumiram essa possibilidade e, portanto, podem fazê-lo. Se vão pagar xis euros por cada consulta privada, também podem pagar os mesmos euros aos médicos de família.

Além da questão da recuperação salarial, o que é imperativo que esteja no protocolo negocial?
Estas questões das normas particulares de organização do trabalho médico. A sobrecarga das urgências — passarmos das 18 para as 12 horas dentro do horário normal. Isso responde logo à parte das consultas e cirurgias. Se um médico não estiver na urgência, vai estar a fazer consultas e cirurgias. Relativamente à parte salarial, tínhamos um faseamento acordado com o anterior Governo. Não queremos tudo para ontem e assumimos que o aumento salarial para 2024 foi o assinado com o anterior Governo. Agora em 2025 e 2026, temos de chegar à conclusão.

Querem mais 15% para chegar aos 30%?
Exactamente.

Leia na íntegra no Público.
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