Era inevitável. O aperto financeiro obrigaria a olhar para um dos maiores sorvedouros – a despesa do SNS na comparticipação dos medicamentos.
Saliente-se, quase em defesa da honra, que os licenciados em Medicina fazem todo o seu percurso universitário na base da prescrição em dci, que os médicos portugueses, na área hospitalar, sempre receitaram por dci e que não há outra forma de prescrição em ambiente hospitalar.
Acresce que os médicos estão deontologicamente vinculados a prescrição de medicamentos com expressa observância de custo benefício.
Por outro lado, ainda na área hospitalar, os médicos estão habituados a limitações técnicas na prescrição pois adoptam o Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos, FHNM, e têm que justificar quando dele se pretendem afastar.
O que nunca ninguém compreendeu, nem compreende, é porque não se estende essa limitação técnica a toda a comparticipação do SNS, adoptando um Formulário Nacional de Medicamentos.
Certo que o actual Ministro da Saúde mexeu neste sector, como nenhum outro, deixando tudo e todos muito nervosos. Esmagou margens, condicionou prescrição por dci, obrigou a vencer uma inércia de anos e introduziu Normas de Orientação Clínica, patrocinadas pela Direcção-Geral de Saúde, com aval tardio da Ordem dos Médicos, a que os médicos do “Sistema” estão vinculados e ao qual devem obedecer, obrigando-se a justificar cientificamente as derivas, sem achismos, fé, impressão ou experiência pessoal.
Revolução.
Por mais que se debata, por mais páginas de jornais que se encham, mesmo que pagas, nada mudará o que é evidente. Nunca a política se suportou tão bem em ciência.
Os médicos têm que se fundamentar em Medicina baseada em ciência e em factos.
As teorias conspirativas ou pseudo científicas não nos honram. Bem pelo contrário. Colam-nos a guerras que não são nossas, afastam-nos da sociedade onde estamos inseridos, isolam-nos nas paisagens de águas quentes que, dizem, defendemos.
A verdade e os factos são muito claros e muito consistentes, baseados em décadas de informação sólida internacional acumulada nos países ocidentais:
A prescrição por dci é essencialmente segura, custo efectiva e serve os melhores interesses dos doentes e da sociedade no seu conjunto.
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