Todos temos um padrão de actuação.
Vem isto a propósito de uma visita ao baú da História recente e de uma notícia publicada no Jornal Expresso, de 20 de Setembro de 2008, sob o título “Fisco fechou olhos a dívidas da Moderna”, e como sub-título “A Universidade alienou património porque as Finanças retiraram hipotecas. Pagou tudo à banca, mas não ao Estado”.
No corpo da notícia mais revelações:
- “A Dinensino, ..., alienou parte do património em 2006 enquanto decorriam inspecções das Finanças por causa de dívidas, ...”
- ... “as Finanças permitiram o levantamento de hipotecas/penhoras sobre várias peças de património da Dinensino, concentrando-as num único edifício, o Pólo das Artes, em Lisboa.”
- “Sem ónus ou encargos sobre aqueles prédios, a Dinensino celebrou contratos-promessa para a sua venda,”...
- “Com o encaixe, a Dinensino efectuou o pagamento de algumas dívidas. A grande beneficiada foi a banca: a Caixa Geral de Depósitos e o Millennium BCP receberam, respectivamente, €7,9 milhões e €4,7 milhões.”
Podemos especular com o actual momento do SNS?
Bem em termos de especulação ficcionada tudo é possível. Vejamos:
Com a ideia de permitir uma melhoria da situação, abrem-se as portas a empresas privadas na Saúde. Mesmo que não se justifique como o Hospital Amadora-Sintra tem hoje excedente com um contrato programa idêntico a um passado em que era gerido por um privado (não falamos de tostões – 47 milhões a aguardar acerto com os Mellos, reclamantes da diferença e 5 milhões de excedente - lucro - a cada ano que passa com a gestão pública).
Estas empresas privadas têm um propósito claro: desvalorizar e descredibilizar a actividade médica no SNS (fazemos melhor, mais em conta e com mais agrado do utente), para se apresentarem como herdeiros naturais do SNS e, claro, como naturais receptadores dos dinheiros públicos destinados ao sector e provenientes dos nossos impostos.
Como cerejinha no topo do bolo, ajudados por um lógica de inundar o mercado com médicos indiferenciados, formados excessivamente por Faculdades etéreas e por uma lógica de negação de criar patamares remuneratórios contratualizados (grelhas salariais, negadas desde 2009 aos médicos em cit), o sector privado fará ainda o favor de assegurar progressivamente a Formação Médica de especialistas, impossíveis de formar num SNS em encerramento progressivo por via de um racionamento com capa de racionalização.
Percebemos porque é que a MAC tem de fechar? O BES estimou mal o negócio de partos em Loures e está abaixo do previsto.
Aqui chegados perguntam, e bem, o que é que isto tem a ver com o Paulo?
O Senhor Paulo Macedo que hoje é Ministro da Saúde é o mesmo que era o todo poderoso e bem pago Director-Geral dos Impostos. Tem agenda, tem amigos, tem um padrão e tem uns assessores e uns ajudantes de treta que se esforçam seriamente para que pense que acabar com o SNS, único serviço público decente e comparável em termos internacionais, é um serviço patriótico.
Compete-nos dizer-lhe, por todos os meios possíveis, que está dolosamente enganado.
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