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Sindicato Independente dos Médicos

O que ocupa os médicos de família em Portugal?

17 junho 2014

Num trabalho de investigação levado a cabo por três Médicos de Família da ULS de Matosinhos (Mónica Granja, Carla Ponte, Luís Filipe Cavadas) é objectivada a componente extra-assistencial propriamente dita e a inevitabilidade da existência de tempo dedicado a tarefas não assistenciais no horário semanal de um Médico de Família.
Com a devida autorização dos autores, reproduz-se a introdução do trabalho publicado em http://bmjopen.bmj.com/content/4/6/e005026.full.pdf+HTML
Uma versão do relatório de investigação em português está disponível em www.monicagranja.pt/documentos/O-que-ocupa-os-mf-relatorio-versao-curta-2013.pdf
O conteúdo funcional da Medicina Geral e Familiar (MGF) tem variado desde o seu aparecimento em Portugal há cerca de 30 anos. Novas necessidades dos pacientes foram incorporadas, novas prioridades e opções foram estabelecidas pelo Sistema Nacional de Saúde, novas realidades surgiram (como o envelhecimento populacional, a complexificação dos cuidados, o pagamento por desempenho ou o número crescente de estudantes de Medicina e de internos de MGF em formação) e novas tecnologias ficaram disponíveis. Deste modo, as tarefas que competem aos médicos de família (MF) estendem-se, cada vez mais, muito para além consulta. São exemplos dessas tarefas:
? registos clínicos a posteriori
? referenciações
? renovação de medicação crónica
? avaliação e comunicação de resultados de exames complementares de diagnóstico
? contactos com pacientes e seus cuidadores por telefone ou por e-mail (recomendados, quer internacionalmente, quer na MGF portuguesa)
? articulação com outros profissionais
? recolha e análise de indicadores
? organização do serviço
? ensino médico e formação de internos de MGF
? investigação
Muitas destas tarefas optimizam o tempo de consulta face-a-face, ampliam a acessibilidade e continuidade de cuidados, correspondem muitas vezes a coordenação de cuidados (uma função core da MGF) e são também a base do desenvolvimento da MGF como disciplina académica e científica. Existem também tarefas que consistem em suprir insuficiências do sistema (como as falhas informáticas e a reposição de material diverso) e outras que correspondem a uma excessiva burocratização do trabalho dos MF (como alguns registos clínicos ou o preenchimento de atestados e declarações com nula relevância clínica).
O interesse pela caracterização do trabalho dos MF para além da consulta prende-se com: i) a dificuldade em registar parte destas tarefas (perturbando a continuidade dos cuidados e levantando problemas médico-legais); ii) a invisibilidade deste trabalho (pondo em risco a existência de tempo protegido e de motivação para a sua realização); iii) e o risco de sobrecarga de trabalho burocrático.

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