Depois da
denúncia do SIM sobre a infeliz realidade da grave carência de médicos no Hospital Amato Lusitano, da ULS de Castelo Branco, o Conselho de Administração, na pessoa da sua Diretora Clínica para os Cuidados Hospitalares, em vez de se concentrar na exigência de mais meios para o hospital, tenta tapar o Sol com a peneira e vem dizer que tudo está bem...
Alega que os alertas do SIM são "empolgados" e afasta quaisquer complicações no funcionamento do hospital. Portanto, sem arte nem engenho, nem capacidade de gestão.
Com um quadro envelhecido, várias aposentações a curto prazo e várias rescisões, permanece a incapacidade de captar jovens especialistas, obrigando à contratação de dezenas de médicos tarefeiros, com muitos médicos com mais de 50 anos ainda a prestar trabalho em Serviço de Urgência, a bem dos seus doentes e no prejuízo do seu conforto e bem-estar.
A questão que se deve colocar, ao invés de tapar o Sol com a peneira, é a seguinte: porque é que os médicos deixam o seu local de trabalho? Por causa do trabalho em condições de penúria de meios e de extrema penosidade mas, sobretudo, pela falta de reconhecimento do esforço que tal implica.
À falta de reconhecimento, soma-se a falta de gestão e a falta de investimento na dignificação das condições de trabalho.
Apesar do limite anual de 150 horas de trabalho suplementar, os médicos continuam a prestar serviço extraordinário, em manifesto prejuízo da sua vida familiar e social... por amor à camisola que vestem: o Serviço Nacional de Saúde. Alguns desistem. Quase todos esgotados e muito próximo do burnout...
O Hospital Amato Lusitano tem falta de profissionais. Como, aliás, a quase totalidade das instituições do Serviço Nacional de Saúde... No entanto, o Conselho de Administração persiste, negacionisticamente, em ignorar os problemas com que se deparam médicos e restantes profissionais.
Seria bom que ouvisse quem está no terreno, que descesse do pedestal e que não desmotivasse, ainda mais, quem dá o seu melhor, ao negar uma realidade que a todos aflige...
Há que colocar os pés no terreno e não esconder os problemas, num exercício servil de agradar ao poder político. Só assim se vê o muito que há por fazer...
Quem não tem solução deixa o problema para as calendas e assobia para o lado.
Assobiar não é a solução. Contratar os recursos humanos indispensáveis ao bom funcionamento do Hospital Amato Lusitano e respeitar os profissionais que dão diariamente o seu melhor, em prol do Serviço Nacional de Saúde, essa sim, é a solução!