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Sindicato Independente dos Médicos

Jornal i: Jorge Roque da Cunha. “Há uma cabala contra o ministro da Saúde com origem no governo”

25 fevereiro 2018
Jornal i: Jorge Roque da Cunha. “Há uma cabala contra o ministro da Saúde com origem no governo”
Jornal i, 25 fev 2018, Marta F. Reis, marta.reis@newsplex.pt

Com a demora nos concursos para contratação de médicos recém-especialistas hospitalares no centro do debate político, e o ministro da Saúde a responsabilizar as Finanças pelo maior atraso deste dossiê, Jorge Roque da Cunha acredita que, mais tarde ou mais cedo, as 700 vagas vão mesmo abrir para depois o governo dizer que não eram assim tão necessárias porque centenas de médicos optaram por não ficar no SNS. O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que mantém junto com a FNAM uma ameaça de greve de três dias para março, diz que Adalberto Campos Fernandes está "prisioneiro” de Centeno e muito fragilizado politicamente. E estranha que Marcelo não saia mais em sua defesa.

A Ordem dos Médicos diz que não dá para acreditar no ministro da Saúde. O SIM fala de um ministro de 2.ª classe. Adalberto Campos Fernandes tem condições para continuar a tutelar a Saúde?

O SIM acha que essas decisões têm de ser tomadas pelos políticos. Enquanto o dr. Adalberto tiver a confiança do senhor primeiro-ministro, continua. Enquanto o senhor-ministro tiver a confiança do parlamento, continua. O SIM não faz política  partidária.

Esta semana o ministro assumiu publicamente que, no caso da demora dos concursos para a colocação de médicos recém-especialistas nos hospitais, a bola está nas Finanças.

A verdade é que esse passa culpas já vem ocorrendo desde março do ano passado. O governo é uno, aliás o senhor primeiro ministro acabou por afirmá-lo de uma forma inqualificavelmente jocosa no último debate da atualidade no parlamento. O que parece é que existe uma cabala e aí concordo com o ministro da Saúde.

Campos Fernandes diz que há uma tendência para fazer da Saúde um alvo fácil.

Diz que há uma cabala, uma conspiração, uma campanha organizada contra o ministro da Saúde. Essa campanha tem origem no próprio governo. Não se compreende como é que uma secretaria de Estado do Orçamento e um ministro das Finanças destratam um setor desta forma. Há um compromisso do ministro da Saúde que é dar médico de família a todos os portugueses, estamos a falar de cerca de 700 mil que continuam sem médico. Ao mesmo tempo, temos um governo que, por razões burocráticas, impede que centenas de médicos de família comecem a trabalhar.

Mas vê uma conspiração deliberada ou é mais uma incompreensão das dificuldades concretas nos centros de saúde ou nos hospitais?

É uma insensibilidade total e uma cegueira que o senhor ministro das Finanças tem e a sua vaidade em ter sido presidente do Eurogrupo. Nem sequer estamos aqui a falar de questões financeiras porque sabemos que, nos últimos 10 anos, cerca de 2000 assistentes graduados sénior, portanto as pessoas no topo da carreira, saíram do SNS. Cerca de 4000 assistentes graduados saíram por reforma do SNS. Isto além das centenas que não contabilizamos e que saíram para o privado. Neste momento temos uma situação calamitosa no SNS em termos de recursos médicos e não estou a ser alarmista.

Qual é o impacto dessas saídas? Há serviços que vivem de internos?

Temos serviços onde nem sequer internos existem porque não têm idoneidade formativa. Temos serviços como, por exemplo, a ginecologia no Hospital de Setúbal ou Faro onde 90% dos membros têm mais de 50 anos e 80% têm mais de 55 anos e são eles que asseguram as urgências. No dia em que deixarem de o fazer esses serviços fecham. Estamos a falar de situações onde as urgências dos doentes internados são feitas por internos. Estamos a falar de uma decapitação ao nível dos dirigentes dos serviços nos hospitais e centros de saúde. O Ministério da Saúde sabe disto e não é desculpável o ministro dizer que o responsável é o ministro das Finanças. Se assim fosse, a atitude digna que teria de ter – não competindo ao SIM dar conselhos de assessoria ao senhor ministro – era uma atitude mais firme.

Artigo completo em Jornal i.

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