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Sindicato Independente dos Médicos

Alexandre Valentim Lourenço: “O Natal vai ser igual ou pior do que o Verão” nas maternidades

20 outubro 2019
Alexandre Valentim Lourenço: “O Natal vai ser igual ou pior do que o Verão” nas maternidades
Público, 20 outubro 2019, Ana Maia

No Verão acentuaram-se os alertas relacionados com a falta de médicos em várias especialidades, como ginecologia/obstetrícia, pediatria e anestesia. Houve notícias de falhas nas escalas das urgências que puseram em risco as maternidades da zona de Lisboa e Algarve. Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, cuja área de intervenção vai de Lisboa e Vale do Tejo ao Algarve, diz em entrevista ao Público que dezembro trará dificuldades acrescidas.

As maternidades do Sul estão em risco de ter urgências a fechar na altura do Natal?
Sim, na altura do Natal estão em risco de fechar. E o próximo Verão poderá ser pior do que este, se continuarem a sair médicos e a não entrar. A repercussão das cativações é permanente. A solução faz-se com organização, planeamento, seriedade e tal não se vê concretizado em medidas que possam inverter este panorama nos próximos três ou quatro anos.
Quando estamos abaixo dos serviços mínimos ou temos a maternidade cheia, informamos o CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes] que não recebemos encaminhamentos. Em Santa Maria, em julho, agosto e setembro, em mais de metade dos dias informámos o CODU que estávamos em serviço de contingência e para não referenciarem grávidas. Por isso, as ambulâncias do INEM iam para outra maternidade que as pudesse receber. Mas houve dois ou três dias em que ninguém conseguia receber.

O que significa estar em contingência?
Significa estar abaixo das condições mínimas e, por isso, reduz-se o serviço. Continua-se a funcionar para o exterior, mas só se pode, por exemplo, ter quatro grávidas ao mesmo tempo. Se estamos a trabalhar abaixo dos mínimos e temos de repente - o que é frequente - duas situações de emergência, o chefe de equipa tem de decidir qual é a situação mais emergente, para intervir primeiro nessa e depois na outra. Isso é um problema que implica colocar uma declaração de isenção de responsabilidade. Se eventualmente acontecer alguma coisa, não é por erro médico, não é porque o médico não quer trabalhar, é porque não tem uma equipa suficiente para trabalhar nessas situações. Estamos a trabalhar assim há dois anos e a perceber que vamos trabalhar ainda pior nos próximos dois anos.

Como é que se resolve a falta de médicos no SNS?
A Ordem propõe fazer uma revisão das carreiras médicas. Temos de fazer com que os profissionais se dediquem ao seu posto de trabalho, compensando-os e dando-lhes um projeto com o qual sintam que estão a contribuir para a comunidade. Temos de impedir que os médicos de 50 e 55 anos, que são quem ainda faz muitas urgências, saiam. Defendemos que serviços de urgências penosas ou serviços muito diferenciados tenham um pagamento diferenciado. E é preciso criar processos de formação e projetos para os médicos mais novos e garantir-lhes que têm uma progressão que vai além do serviço de urgência. O que está a acontecer é que a rotina não está a ser feita.

Entrevista completa em Público.

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