Sindicato Independente dos Médicos

Não precisamos de normas ou orientações elaborados por gerontes ou por gente de nomeada que já se deve ter esquecido de como se observa um doente...

Precisamos de equipamento de protecção individual adequado.

Não temos álcool ou SABA, não há batas descartáveis, não há nem sequer mascaras cirúrgicas, não há óculos ou viseiras... há médicos a irem a lojas de bricolage e adquirirem sucedâneos para o seu trabalho diário.

Queremos EPI (Equipamentos de Protecção Individual) sem que os tenhamos que estar a mendigar aos profissionais que garbosa e convictamente fazem a sua gestão e distribuição como se fossem as reservas de ouro do Banco de Portugal...

Queremos testes ao SARS-CoV-2 sem racionamento, sem mentiras sobre a real capacidade de o executar. Entre 9.000 por dia e 1.000 por dia vai uma grande diferença...

Queremos reconhecimento da competência técnica e científica dos médicos que estão no terreno para determinar a execução desses testes sem esperarem horas pela validação de uma LAM moribunda e assegurada por colegas (ou em vias de o virem a ser) voluntariosos mas quantas vezes indiferenciados e que se guiam por fluxogramas questionáveis.

Continuam a gastar-nos o tempo com as teorias dos sábios que não vêm doentes... Não precisamos de teorias, precisamos de material.

Vão os Cuidados de Saúde Primários ir a casa dos doentes com Covid19 em hospitalização domiciliária? Como? Com que equipamento?

E "observam" doentes em ADCs, vulgo covidários? Como? Com que equipamento! Nas tendas montadas à entrada do H S João, quem está em frente do doente está com "escafandro", não ausculta nem toca, e dita por walky talky a prescrição e o diário clínico a  outro médico que está no exterior.

Esta gente é ignorante, com uma ignorância perigosa!

E lançando os profissionais da saúde desprotegidos para fora das trincheiras, profissionais que já chegam ao ponto de se isolarem da própria família e do lar para não os contaminarem.

Agradecemos aos responsáveis, Directores Executivos de Agrupamentos de Centro de Saúde e presidentes de Conselhos de Administração Hospitalares, que sabem ir além dos seus cargos de nomeação e defender os seus profissionais.

Álvaro de Campos, como saberão um dos heterónimos de Fernando Pessoa, diria: „Não me queiram converter a convicção: sou lúcido. Já disse: sou lúcido. Nada de estéticas com coração: sou lúcido. M****! Sou lúcido."

O Secretariado Nacional do SIM
O Presidente do SIM

Lisboa 20 de Março de 2019