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Sindicato Independente dos Médicos

Sábado: Pandemia lançou o caos nos Centros de Saúde

26 junho 2021
Sábado: Pandemia lançou o caos nos Centros de Saúde
No último ano, Mónica Fonseca esteve pelo menos 16 semanas a trabalhar nas chamadas Áreas Dedicadas aos Doentes Respiratórios (ADR) – espaços onde se avaliam suspeitas de COVID-19. O que significa que, durante esses quatro meses, houve várias consultas que não fez, doentes crónicos que não vigiou e doenças que ficaram por detetar.

"Isto está a asfixiar os Cuidados de Saúde Primários. Nós somos a porta de entrada do doente e quando essa porta está entreaberta fica muita gente sem acesso a cuidados de saúde”, alerta a também dirigente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos.

Desde o início da pandemia que os médicos de família têm acumulado várias atividades extras ao seu trabalho regular. Como o atendimento nos chamados ADR, o seguimento telefónico dos casos suspeitos ou positivos e, mais recentemente, a vacinação – que hoje é a tarefa que ocupa mais tempo e recursos. Segundo as autoridades de saúde, são 600 dedicados diariamente a esta tarefa; já o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), diz que o número ascende aos 800, num universo de 2.780.

O problema é o que fica para trás: os tempos de espera aumentaram e a capacidade de dar resposta diminuiu. "Há dias, tinha à porta do meu centro de saúde umas 30 pessoas”, conta Jorge Roque da Cunha, médico e presidente do SIM. Também há doentes crónicos que não são vigiados com a frequência que precisam, como os diabéticos e os hipertensos, admite o também médico de família.

"Isto significa que há um conjunto de doenças e de doentes que deviam ter uma vigilância regular e periódica e não têm. Por isso, essas doenças e doentes vão piorar”, diz Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos. O também médico garante que nos hospitais isso já se começou a sentir: "Estão a chegar-nos doentes com cancros do estômago, intestino ou colo do útero mais avançados e em maior número do que tínhamos antes. Porque não se fazendo o rastreio, a doença continua a progredir”, alerta.

"A vacinação é prioritária e nós sabemos que sim e continuamos dispostos a colaborar. O que não se pode fazer é resolver um problema criando outro”, diz Nuno Jacinto. Há pelo menos três meses que o SIM tem apelado ao Ministério da Saúde para resolver este problema, até agora sem efeito. A Ordem dos Médicos considera que só com "a intervenção do Estado”, libertando os médicos de família destas atividades que não existiam pré-pandemia, se poderá reduzir o impacto negativo nos cuidados de saúde primários.

Artigo completo em Sábado.

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