Sindicato Independente dos Médicos

Público, 2 dezembro 2021, Ana Maia

Até Setembro deste ano, os enfermeiros já tinham feito mais de cinco milhões de horas extras e os médicos mais de quatro milhões. Para colmatar a necessidade de recursos humanos, junta-se a esta solução o recurso às prestações de serviço. Neste período, o SNS pagou mais de 400 milhões de euros em horas extraordinárias e em prestações de serviço, de acordo com dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) enviados ao PÚBLICO.

Nos primeiros dez meses deste ano, o número de horas suplementares realizadas pelos profissionais de saúde ascendeu a 18,5 milhões, tendo já ultrapassado o valor total do ano passado.

Entre Janeiro e Setembro (...) foram 16,9 milhões de horas extras realizadas com um custo de 299,6 milhões de euros. E a factura vai continuar a subir, acompanhando o acréscimo de trabalho.

Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), faz uma conta simples para mostrar o que representam as horas a mais. "Um médico que faça 500 horas extras trabalha o equivalente a mais 60 dias. Ou seja, é como acrescentar mais dois meses a um ano. Isso vem demonstrar que a propalada contratação de médicos é a uma falácia”, referindo que um médico interno recebe brutos, num dia de semana, 11 euros por hora extra, e um especialista 16 euros/hora.

"As pessoas não querem fazer mais horas extras, fazem-nas a bem do SNS”, afirma, lembrando as palavras "injustas” da ministra da Saúde quando falou da resiliência dos profissionais de saúde. "Os 4,3 milhões de horas extras não me surpreendem, porque temos vindo a alertar para a necessidade de fixar mais médicos no SNS. Tem havido um aumento das rescisões além das reformas previstas pela incapacidade que os ministérios da saúde têm tido de programar a gestão dos recursos humanos”, afirma Roque da Cunha, reafirmando a necessidade de se abrirem negociações entre o ministério e o sindicato que levem a uma melhoria de condições salariais e de trabalho.

Mais de 100 milhões em "tarefeiros”

Outro recurso do SNS para colmatar a necessidade de recursos humanos são as prestações de serviço. A informação é relativa a todos os grupos profissionais e não está discriminada por actividade contratada: entre Janeiro e Setembro deste ano, esta rubrica já custou ao SNS 105,7 milhões de euros.

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